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Débora Garofalo

A necessidade de iniciar o retorno gradual das aulas presenciais

Professor desinfeta mesas da sala de aula para receber alunos na volta às aulas em Munique, na Alemanha - Getty Images
Professor desinfeta mesas da sala de aula para receber alunos na volta às aulas em Munique, na Alemanha Imagem: Getty Images

Débora Garofalo

02/12/2020 04h00

Um dos pontos cruciais trazidos pela pandemia a Educação foi a confirmação de que nada substitui as aulas presenciais. Nas últimas semanas, temos visto um grande debate sobre assunto, em que especialistas como a Priscila Cruz, Presidente do Todos pela Educação, comenta a ausência de coordenação por parte do Ministério da Educação sobre as atividades remotas e a ausência de homologação sobre o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que normatiza o ensino remoto na pandemia.

A sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) desde setembro, vem defendendo o retorno gradual das aulas, em que fez um documento sobre essa orientação em que chama a atenção pelos danos causados em crianças e jovens ocasionados pelo tempo de distanciamento social.

Já temos estudos que demonstram que de cada 4 em cada 5 pais nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro dizem que o rendimento escolar dos filhos piorou durante a pandemia, com aumentos de casos de depressão, violência contra crianças e adolescentes, além dos casos de evasão escolar.

Sem dúvida, o assunto é polêmico em que se faz necessário investimentos para que as escolas públicas possam ser equipadas para que possam manter os protocolos de saúde e receber professores e estudantes. No entanto, temos o outro lado, em que presenciamos um aumento considerado das crianças e jovens nas ruas, em comércios e em áreas de lazer, mas não nas escolas, essenciais para o desenvolvimento dos estudantes, que exige uma reflexão de todos, principalmente quais serão as consequências de mantermos as escolas fechadas e o que dizem os especialistas da saúde sobre o assunto?

É necessário um olhar especial para a Educação, com diálogos entre escolas, Estados e Municípios e a Saúde, e que possamos aprender com países que passaram por picos na pandemia e que tem enfrentando a segunda onda da pandemia, mas prevalecendo o retorno das escolas em um modelo de ensino híbrido, que mescla atividades remotas com aulas presenciais em esquemas de revezamento.

Estamos há nove meses em distanciamento social, sem dúvida teremos danos e consequências profundas no processo de aprendizado para milhares de crianças e jovens, principalmente pelos grandes desafios que os nossos estudantes estão enfrentando em prosseguir com seus estudos. E é nesta hora que precisamos repensar caminhos, tecer reflexões e promover maneiras de diminuir desigualdades.

Ensino Híbrido

Estamos na reta final do ano letivo, entre os preparativos para o encerramento deste ano e planos de recuperação e até o momento foi lidado com uma educação emergencial. Para nós educadores a certeza que qualquer dia importa para recuperação da aprendizagem, para retomar a rotina de aprendizagem, sem contar, as questões sociais, a importância da escola, principalmente aqueles que mais necessita, em situações vulneráveis de ensino em que foi aberto uma lacuna, aumentando as desigualdades sociais.

A Educação deve passar por uma grande transformação, em que devemos ter uma mudança na rotina escolar e manter o distanciamento social, por tudo isso, realizar um retorno gradual é importante para a retomada do processo de ensino e ao planejamento híbrido (que mescla aulas presenciais com momentos de aulas remotos mediadas por tecnologia) deverá ser realizado para garantir o processo de ensino de aprendizagem.

Um retorno gradual implica em um retorno feito aos poucos que não deixaremos o modelo remoto de ensino, mas que esse será alternado com encontros presenciais, reduzindo a quantidade de estudantes nas salas de aulas e respeitando todos os protocolos, mas dando a oportunidade às crianças e jovens de retomarem os seus estudos. Atualmente 11 Estados iniciaram um retorno, mas outros 15 estados não planejam o retorno e esse é o momento de iniciarmos os muito planejamento para que isso ocorra em segurança.

O ano de 2021 será um desafio a todos e traçar um planejamento flexível é essencial, integrando modelos de aprendizagens híbridos e que respeite as diferentes aprendizagens é mais do que necessário é fundamental. Neste cenário é necessário intensificar os laços com os familiares, mesclar o ensino entre o presencial e o remoto, diversificar diferentes maneiras de promover o processo de aprendizado e investir em novas maneiras de ofertar o ensino, entre elas a metodologias ativas, ensino híbrido, a fim de trazer uma aprendizagem personalizada que valoriza de maneira individual o estudante.

Um abraço,