Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mulher-economia
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Não faz muito, eu ainda posso lembrar: dona literal do lar, desempregada e com o saber de quem torna da cozinha uma alquimia, o momento onde minha mãe teve de reinventar-se frente ao vazio na carteira. Unida a vontade de ter grana com seus dotes culinários, abriu, durante minha infância, uma das barracas mais famosas de cachorro-quente e hambúrguer na Rocinha (RJ).
Até nossa situação de urgência, um distanciamento da atitude que redobrava sua dimensão gestora no ambiente externo para impactar o interno. "Nunca pensei que pudesse ter sido empreendedora um dia ou na vida", me relata a coroa, quando o contrário se fazia latente.
Passados alguns anos, o cenário não mudou muito (o que aponta a transformação e impacto nacional). Uma análise feita neste ano dentro do primeiro censo de inadequação habitacional realizado pelo programa 'Na Régua', do Governo do Rio, conferiu que 76% de casas na Rocinha são chefiadas por mulheres. Com esse indicador, como mostra o jornal Fala Roça, o governo estadual visa melhorar a condição de 15 mil famílias que vivem em áreas de vulnerabilidade social em 18 favelas no estado, incluindo a comunidade onde vivo.
É apreendendo essa realidade, atrelada a causa de capacitação para quem pretende tirar do papel o sonho, que moradoras da região estão inseridas em uma iniciativa coordenada pela Comunicação e de Serviço Social, o ECOA PUC-Rio, o Laboratório de Humanidades Digitais, o Jornal Fala Roça, o Museu Sankofa Memória e História da Rocinha e a Biblioteca Parque. O Fala pra Gente! Comunicadores Digitais da Rocinha é um percurso de formação em redes sociais que une inovação de criação e tecnologia, de maneira dinâmica e atrativa. Durante as aulas, elas aprendem noções de fotografia e design para as redes, recursos do instagram, conceitos de marketing digital, identidade visual e planejamento.
Da costura ao doce, passando por serviços essenciais e outros locais, a reunião e introdução pelo projeto de atores que já vêm transformando seus contextos e famílias, com objetivo de ampliar e fazer valer o aspecto da mulher como base fundamental que dá norte para todas as vertentes. É indo além de vê-las apenas como chefes de núcleos familiares, e sim como parte da engrenagem que sustenta e movimenta a economia desde o princípio, ou vai dizer que cuidar de si, casa, família e mais quem puder não é um ato empreendedor? E muitas vezes, sem remuneração.
Além da ação, é importante, em um ano decisivo, pensar políticas públicas destinada a gênero, com a possibilidade de criar um sistema que integre cuidado, com conselho, plano e fundo, catalisando diferentes setores através de um modelo de corresponsabilidade entre famílias, Estado, mercado e comunidade. É alinhar, no mesmo lugar, como indica a #AgendaRio2030, criada pela Casa Fluminense, geração de empregos, renda e incentivo ao empreendedorismo. Não pensar nesse campo é inviabilizar o protagonismo delas, e como bem disse a jornalista Flávia Oliveira, "economia é coisa de mulher".
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