Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Brasil-tumbeiro-parte 2
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Não há o que teorizar quando o assunto é morte, sendo essa, uma morte chancelada pelo Estado. Não é neglicenciável, é projeto perpetuado ao longo dos últimos anos, com envergadura de ponta. É estratégia colocada em prática.
É o entendimento de que nenhuma vida conta ou vale, tem sentido. Da pequena menina que morre na favela dentro de uma kombi, até a moça jovem atingida com bebê sendo gestado. Um país colapsado por pandemias (como a do racismo, nossa maior), até a de uma peste, com milhares de vítimas, chegando ao que acomete um jornalista e um ambientalista, símbolos de luta e resistência para que outras pessoas possam ser enxergadas como sendo de direito.
O debate anterior é fundamental. Temos tido direito a viver no Brasil? Em que pé está nossa capacidade de nos humanizar, depois de tantos retrocessos e arranhões, feridas que não serão fechadas tão cedo? Como temos olhado para a questão primária de Constituição, calcada em proteger seus cidadãos e a eles dar a chance de dispor energia em uma nação? Sejam eles filhos deste chão, sejam os agregados ao longo de sua trajetória.
"Eu gostaria que o Brasil não fosse este cemitério lotado de mortos que deveriam estar vivos mantido por vivos que agem como se estivessem mortos", brada, enlutada, a escritora Eliana Alves Cruz. Só posso sentir e acolher.
Vivo, sigo lutando, no gerúndio, para ter continuidade na missão individual e coletiva. Mas é também lutando que sinto, ao mesmo tempo, que estamos indo para algum lugar cada vez mais aterrorizante. Antes que matem a todos, o pacto firmado é o de tentar não morrer. Não me finco em garantias longas, apenas a do próximo minuto.
Fico por aqui, recebendo as notícias na sala de estar, enquanto as desgraças daquilo que chamamos de país empilham-se. É difícil até de processar.
O texto de hoje não tem desfecho….
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