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Eduardo Carvalho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Não existem jornalistas negros no Brasil? Veja quem poderia estar no debate

Aline Midlej no Jornal Nacional (Reprodução/TV Globo) - Reprodução / Internet
Aline Midlej no Jornal Nacional (Reprodução/TV Globo) Imagem: Reprodução / Internet

Edu Carvalho

29/08/2022 13h56

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Não poderia deixar passar em branco. Seguindo tradição em ser a primeira a organizar o debate entre os candidatos à presidência da república, mas em caráter diferente, a Band colocou no ar junto dos veículos UOL, Folha e TV Cultura, uma transmissão na TV — objeto de maior alcance de público — prioritariamente fora do tom representativo da população, em que pese ser a maioria de pele preta. De acordo com os números, uma parcela invisibilizada (e não minoritária) de 56% de pessoas. Será que ninguém percebeu?

Entre muitos argumentos a ser elencados, a não presença de profissionais de comunicação negros, de todas as empresas, não pode ser justificada pela falta de profissionais capacitados no mercado. Não estamos em grande presença nas telas, redações e produções, mas felizmente (ou infelizmente) já somos alguns e assim, conseguimos reexistir no ofício.

Cabe o registro: na transmissão paralela, representando o UOL, só na web, o jornalista Diego Sarza esteve presente. Na Band, tivemos Cynthia Martins. Ambos jornalistas com extenso currículo e potência para a elaboração, no estúdio principal, para realização das perguntas. Outros mais poderiam estar ali, como Joyce Ribeiro e Maria Amélia Rocha (TV Cultura); Priscila Camazano, Tayguara Ribeiro, Matheus Moreira e Flávia Lima (Folha), além de André Santana (Colunista UOL). Sem deixar de contar com a presença de jornalistas freelancers de todos os veículos, ou mesmo convidados a compor especialmente o formato (seria ganho ter Yasmin Santos, Nathalia Braga, Tiago Rogero, Tiago Coelho, Semayat Oliveira, além de outros nomes).

E se não tínhamos presença, a consciência de trazer para o campo o debate racial, poderia vir de jornalistas brancos, como lembrou o colega e jornalista Pedro Borges, editor-chefe do Alma Preta (que também poderia fazer parte, indicando exemplo para presença de jornais comunitários e representativos): ''jornalistas brancos também podem perguntar sobre racismo. O tema é público é fundamental para a sociedade''.

Em que pese uma sociedade com atos racistas a cada centésimo de segundo, também é responsabilidade daqueles que não sofrem violências por conta da cor debater o problema. É assim que se faz e pratica uma reflexão real e possível para o antirracismo.

O próximo debate também será no mesmo formato que o primeiro, acatando a decisão dos postulantes à chefia maior do país. Assim feito, por que não mudar? Tempo temos. Para ajudar, abaixo vai uma lista de comunicadores pretos/pretas que podem (e devem) compor as próximas bancadas:

Luciana Barreto

5 - Divulgação/CNN Brasil - Divulgação/CNN Brasil
A jornalista e apresentadora Luciana Barreto, 42, a mais nova contratada da CNN Brasil
Imagem: Divulgação/CNN Brasil

Com passagens pela TV Brasil e Futura, Luciana Barreto é formada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), além de ser mestre em relações étnico-raciais pela CEFET. Atualmente é apresentadora do telejornal Visão CNN, na CNN Brasil.

Aline Midlej

1 - Reprodução/GloboNews - Reprodução/GloboNews
Aline Midlej chamou Nelson Piquet de racista no Jornal das Dez (GloboNews)
Imagem: Reprodução/GloboNews

Tendo passagem pela Band, Aline se apresenta como ''paulistana na alma, nordestina no coração''. Hoje, atua como âncora do J10, na GloboNews, além de ser colunista na Vogue Brasil e g1.

Heraldo Pereira

2 - Reprodução / TV Globo - Reprodução / TV Globo
Heraldo Pereira no "Conversa com Bial"
Imagem: Reprodução / TV Globo

De Ribeirão Preto (SP), esse nome é o mais conhecido das minhas indicações, pois o jornalista e apresentador Heraldo Pereira é praticamente um dos primeiros negros a ocupar espaço em telejornais brasileiros como âncora. É o primeiro negro a ter sido apresentador do Jornal Nacional de forma constante. O paulista começou sua trajetória no jornalismo bastante jovem, quando ainda era adolescente.

Salcy Lima

3 - Divulgação/Record TV/Edu Moraes - Divulgação/Record TV/Edu Moraes
A jornalista Salcy Lima, da Record
Imagem: Divulgação/Record TV/Edu Moraes

Iniciou a carreira televisiva na TV Record Belém - filial da RecordTV, onde apresentou o telejornal Pará Record e o semanal Eco Record. Foi também apresentadora do bloco de esportes do telejornal Fala Brasil, além de garota do tempo do Jornal da Record. Atualmente, compõe o quadro de apresentadoras do canal.

Flávia Oliveira

4 - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Flávia Oliveira é comentarista na GloboNews
Imagem: Reprodução/Twitter

Com currículo em economia, é comentarista GloboNews, colunista do Jornal O Globo e da Rádio CBN Rio de Janeiro. Com a filha e também jornalista Isabela Reis, é podcaster nor projeto Angu de Grilo.

***Essa lista pode (e precisa) ficar maior. Se você conhece mais profissionais nos veículos - impressos, de rádio ou televisão - e deseja vê-los nos próximos debates, cobre a presença (além da diversidade etária).