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Eduardo Carvalho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ansiedade, estresse e medo: Como esperar a eleição até domingo?

Lula e Bolsonaro são os candidatos à Presidência no segundo turno - Agência Brasil
Lula e Bolsonaro são os candidatos à Presidência no segundo turno Imagem: Agência Brasil

Colunista do UOL

26/10/2022 06h00

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Não tá fácil. Nesse momento, nem eu sei como me mantenho vivo. E creio que você também esteja na busca por responder isso. Daqui até as 17h do próximo domingo, ou seja, daqui quatro dias, tudo pode acontecer, inclusive, o nada. Na verdade, pode.

Enquanto a fala de William Bonner indicando o resultado que pode ressignificar o país (seja para quem for) não vem, é preciso dizer que já estamos sem forças. Sentados no chão, tipo posição fetal, vivemos esse descompasso que é lidar com o não saber, permeados por uma surra de mentiras, desinformação e violências ''nunca antes vistas na História''.

Uma onda de acontecimentos que sintetizam todos os limites rompidos aqui, e que parecem nem mesmo surtir efeitos. Ou será que fazem?

Te desafio a pensar e indicar quem esteja ileso depois de tanto. É só jogar na roda mais próxima, seja virtual ou ao vivo. Ou procurar a fala de profissionais de saúde na área mental, espalhado por todo país, para entender o grau de aflição vivido até então - e que não acabará. Todos trazendo em seus relatos sofrimentos ligados à política. E não é sem motivo.

Como no episódio do podcast Café da Manhã, que descreve aqueles que se sentem ameaçados pelo voto ao atual presidente e candidato Jair Bolsonaro (PL); ou aqueles que sentem medo de um retorno ao poder do ex-presidente Lula (PT).

E fortalecendo esses dois balizadores, um mar de possibilidades. De guerra santa a falas misóginas/machistas, passando por vídeos editados, apegos à Bíblia, disputa por evangélicos, granadas, tiros, porradas e bombas. O desrespeito voltado ao gênero, a exploração dele, a usurpação de objetos e criminalização de moradores de favelas. O que fez tudo ficar ainda mais pesado e difícil. O racha das famílias, relações, amigos.

Casos e acasos que, se colocados num roteiro de série ou filme que tente resumir a política do nosso pa-tro-pi, seria lido como ''clichê''. O ruim mesmo é saber e confirmar que até eles, os clichês, acontecem e todos num só lugar: o Brasil.

Parece que se tornou duplo, triplo, quadra e até quintuplamente difícil ser brasileiro, ou ao menos seguir na esperança de um país menos racista, preconceituoso, classista e violento. E que tenha algum rumo, e que não pese o fato de noites mal dormidas, acréscimo de peso, pessoas aumentando o consumo do álcool e até remédios controlados para conseguir continuar.

Com a coluna doendo - não essa que você lê, mas a que sustenta de pé - os pés cansados, um tanto quanto abatidos, estendo as mãos ensejando paz. E que os dias melhorem, apesar deles. E que após domingo, ou mesmo já agora, consigamos reverter o estresse, o desânimo e aflição, dando lugar ao propósito que é crer num lugar para se viver melhor. É doido dizer isso? É. Mas o que é loucura depois disso tudo que se viu passar, não é mesmo?
Bom voto e até a próxima quarta.