Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Sabrina Sato e Anitta mostram que lugar de 'musa' é na luta
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Não fazem muitos Carnavais. Basta voltar um pouco no tempo e pimba: você verá que o lugar da mulher durante a folia era sempre predestinado ao da sexualização. Pensar? Jamais. "Yes, nós temos bunda" era o imaginado.
Com a força da quarta onda do feminismo e o fortalecimento das maiorias minorizadas através do advento das redes sociais, as mulheres intituladas musas durante o período do Momo chamaram ainda mais na chincha a responsabilidade de tocar em temas e assuntos até então vistos com preconceitos, encarando com coragem ser telhado de vidro.
Apesar da mobilização e empenho de tantas caminhadas na avenida que pede passagem e respeito, existe quem sinta-se legitimado a jogar água na serpentina e confete alheio. Como fizeram com Sabrina Sato, rainha de bateria da Gaviões da Fiel, trajada de vermelho em pleno desfile no último fim de semana.
Ao representar o Dragão de São Jorge com sua fantasia, Sabrina pediu o simples, mas não teve retorno. Foi atacada por reiterar a diversidade de religiões - sobretudo no Brasil, um país que bate tambor e reza Pai Nosso, louvando a Deus o que há de melhor.
Frente às críticas, mais delicada, impossível. "Ah, se todo mundo que está aqui reclamando resolvesse cuidar da própria vida e ajudar o outro... Mas é mais fácil vir aqui tentar impor a própria fé", disse uma seguidora ao refletir sobre a intolerância religiosa vivida por Sabrina Sato.
Sabrina sabe o que faz e o que representa. Sabe também que dispõe de privilégios que a fazem ser quem é, podendo fazer o quê pode. E sabendo, causa o burburinho que provoca mudança de comportamento.
Como tenho certeza que vai ocorrer quando pessoas encontrarem a imagem de Anitta, que apresentando-se no Carnaval de Olinda, vestiu com um figurino inspirado nas mulheres guerreiras, homenageando a Cabocla Jurema. Confeccionado pelas artesãs do povo Tentehar (Guajajara), da Aldeia Ypaw Myz'ym (Lagoa Quieta), do Maranhão, na Terra Indígena Arariboia, o look foi desenvolvido em colaboração com a stylist Clara Lima.
Segundo informações, a ideia foi da própria cria de Honório, ao desenvolver uma roupa capaz de tratar sobre religiosidade afro-brasileira, parte de sua vida e da festa profana.
Que os desfiles sejam ainda mais bonitos, com gritos não de guerra, mas sim de tolerância. E que esse grito seja dado pela voz das mulheres. Esse é o Carnaval que a gente quer. E você?
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