Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A importância do cabelo crespo que Róger Guedes precisa aprender
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Não é "duro", e, sim, resistência. Traz no couro os desafios enfrentados, as dinâmicas da vida de quem entende desde o início quais serão os obstáculos a serem ultrapassados, sem a facilidade do liso. E precisaria?
Nele, há beleza. Crespo, quando massageado, desnuda camadas que revelam que somos mais do que aquilo que se vê. Ou você acha que é só o cabelo que define um ser ou um corpo? Cheio, mostra a potência individual e coletiva dos ancestrais, fruto maior de nossa honra e exemplo de ostentação.
E, daí, me permita contar: desde sempre, e com mais força, após os anos 60, quando o movimento negro americano o tomou como principal símbolo contra atos racistas. Isso mesmo: atos racistas. Como a frase "cabelo ruim", essa mesmo que você usou. Empoderamento que só chegou aqui, no Brasil, anos depois e aos poucos, já que tínhamos ainda menos gente nas telas e nas ruas podendo ser quem era no seu "teto".
Pessoas como Glória Maria, Zezé Motta, Gerson King Combo, Toni Tornado, Dom Filó?Você conhece? Talvez não.
Posso te dizer outros nomes atuais, como Tais Araujo, Cris Vianna, Juliana Alves, Marcelo Twelve. Todos eles, ícones negros em suas áreas, e que ajudaram a construir o que se via sobre a transição capilar, processo que vem ganhando fôlego no Brasil e mudando a percepção de estética até mesmo de nós mesmos. Afinal, dá sim para celebrar a diversidade que este país escondeu por tanto tempo, unicamente por conta de um fator: o racismo.
Racismo esse que o impede, Róger, de exaltar e entender que não existe "cabelo ruim". Que existe sim, respeito. Respeito a quem somos. Respeito ao que se é. Respeito que você não teve. Mas pode ter.
E espero que tenha. Esperamos todos.
Te convido pra um papo se quiser. E, embalado ainda no Carnaval, cito o verso verde e rosa que toma meu coração: "Meu cabelo black, negão, coroa de preto".
Aceite nossa coroa.
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