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Novo Ensino Médio: Quando vão ouvir os principais interessados no assunto?
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Sete anos me distanciam da agenda estudantil traçada em minha vida para o ano de 2016. Eu lembro, estava lá, e vi com os próprios olhos as mobilizações em diversas escolas públicas do nível do Ensino Médio Brasil afora, pleiteando melhores condições de educação não para aquela geração, mas sim para as próximas, num futuro não tão longe. Aqueles alunos, ocupantes, também significaria "eu", enquanto participante ativo de uma das ocupações mais efervescentes do Rio de Janeiro: o #OcupaCEAM, do Colégio Estadual André Maurois.
De lá pra cá, veio a transformação do currículo na rapidez de um medida provisória que tornaria o modelo de aprendizagem diferente, segmentado por áreas de conhecimento que, segundo consta a determinação, faria o jovem optar por uma formação técnica e profissionalizante, em preparo para o mercado de trabalho.
Do que se viu, nada posto. Os anos correram e algum tempo depois, voltamos a questionar sobre as mudanças deferidas pelo então ministro da Educação Mendonça Filho e seu ex-chefe, o ex-presidente Michel Temer. E o saldo é negativo sobre a retomada de um assunto que à época foi atropelado pela instabilidade da política brasileira.
Sob a nova estrutura, desorganização pelo aumento da carga horária dos estudantes, além da adoção de uma base comum curricular e a escolha dos itinerários formativos, em esforço de tornar "mais prática" a experiência vivida dentro de sala de aula, o que não tivemos - nem temos - até hoje.
No resumo das ações, a ampliação da desigualdade educacional, em diferenças evidentes pelo plano básico do ensino traçado por escolas privadas, e que não seguem a orientação proposta; além da defasagem do setor público, sucateado pela falta de capital. E de humanos. No fim das contas, a responsabilidade passa a ser do estudante, não do sistema, capaz de ofertar o melhor para a formação.
No frigir dos ovos, a suspensão do ar para a discussão. "A reforma do Ensino Médio foi a menos explorada, menos discutida de todas as reformas aprovadas no país, como a trabalhista, por exemplo. Seu objetivo não é buscar a melhoria e o fortalecimento da universalidade da escola pública, elevar a qualidade do ensino para os alunos mais pobres, que mais precisam de investimentos. Ao contrário, oferecer um ensino anda mais precarizado. Uma perversidade", disse em uma reportagem da Rede Brasil Atual o pesquisador e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Fernando Cássio.
Há quem jogue luz sobre o Novo Ensino pela ótica do esvaziamento do MEC, como Priscilla Cruz, do Todos Pela Educação, em entrevista ao Jornal Hoje. "Mudanças são necessárias para o Novo Ensino Médio. É importante ter uma melhor definição dos itinerários para poder ter um ENEM que atenda todos os alunos. Toda política para apoiar as escolas nessa mudança que é tão complexa".
No meio do estica e puxa de uma possível revogação feita pelo presidente Lula, o MEC se colocou à disposição para uma consulta pública para avaliar e reestruturação do plano traçado.
Dentre tantas coisas, há que se escutar quem está na ponta: os jovens, já que são eles os principais atores dessas decisões. E por eles, a chegada de novas gerações e formações. É preciso fazer diferente do que o ocorrido em 2016/2017, abrindo espaço, de fato, para uma discussão precisa sobre Educação. Tópicos não faltam: estruturas das escolas, falta de formação adequada de professores e diminuição da carga horária de disciplinas tradicionais.
O período é curto e já corre, com prazo final de 90 dias. Ocupante que fui e cidadão que sou, tenho a esperança de que neste período, os estudantes ganhem o destaque merecido. E junto deles, a presença total da sociedade.
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