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Eduardo Carvalho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pela 1º vez na história, todas as novelas da Globo têm protagonistas negros

3 novelas da Globo têm protagonistas negros - Reprodução
3 novelas da Globo têm protagonistas negros Imagem: Reprodução

Edu Carvalho

Colunista do UOL

11/05/2023 06h00

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Para ser nobre e fazer chegar, com histórias vivas, intensas e mais do que tudo, brasileiras, a TV atinge pela primeira vez um fato histórico: três protagonistas negros em diferentes faixas de horário em novelas da Globo, o que só pôde ocorrer 73 anos depois de sua estreia.

A caminhada levou décadas. É possível perceber que, aos poucos, papéis de protagonismo nas novelas foram interpretados por pessoas negras - antes relegadas ao iluminar os canhões. Mas para isso rolar, um longo e doloroso caminho foi pavimentado por nomes importantíssimos na luta pela representatividade fosse preta na telinha (oxalá, Ruth de Souza).

Houve um período até que papéis de personagens negros eram dados para atores brancos, sem dar foco ao ''pretagonismo'' da maioria da população brasileira, que hoje aponta 56%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Os números não mentem. A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) indicou que apenas 10% dos personagens centrais eram negros nas novelas da Globo entre 1994 e 2014. Um salto foi dado sobretudo nos últimos anos, com a demanda e pedido ainda mais forte do Brasil se ver nas obras, enxergando suas realidades dispostas por astros da cena nacional, e grande parte deles, pretos.

Hoje, na maior emissora do país, em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo, só o ''Rei do Gado'', exibida em 1996, não apresenta nenhum ator no elenco principal da novela - o que remonta a decisão de dar para atores negros somente papéis secundários ou trabalhadores domésticos.

Imersos em um momento mais complexo, as novelas tiveram que aprender a captar o talento negro, apreendendo também questões de racismo, a desigualdade racial e de classe, ao mesmo tempo que saía do estereótipo do ''negro de elite'' e seus comportamentos. Exigido pelo público, o debate teve de crescer um pouco mais, com novas abordagens, respeitando, sobretudo, a quem se referia.

Assim, a Globo, principal produtora audiovisual do país, as demais emissoras e atualmente os serviços de streaming tiveram de se redesenhar, seja na escalação, produção e criação, dando maior vazão ao PIP: Produto Interno Preto.

Quem festejou em suas redes sociais o marco que agora atravessa nossas noites foi a atriz Juliana Alves, com repostagem de Taís Araújo, também celebrando o fato:

Já abrimos a roda, agora é hora de enlarguecer. Que venham mais pretos, mais mulheres, mais indígenas, LGBTQUIA+ e tantos outros que por anos se viram excluídos das artes.