Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Vini Jr: É assim que a imprensa pode ajudar ou piorar um caso de racismo
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Não há quem não tenha se sensibilizado pelo fato. O episódio vivido no último domingo (21) por Vini Jr. rompeu as quatro linhas do campo da fatídica partida entre Real Madrid e Valencia, com proporções jamais atingidas até então — e pelo foco da imprensa, como instrumento tanto para o bem quanto para o mal.
Chamadas pelo público a assumirem as responsabilidades devidas, redações espalhadas pelo Brasil e pelo mundo são atravessadas pela discussão sobre o racismo estrutural, perguntando e respondendo, a todo momento, o que fazer para dimensionar e "reparar" a desigualdade estabelecida pela diferença racial.
Atentas a essa demanda, as mídias se propõem, ainda que com erros, a tratar da questão. Apesar dos poucos avanços, há sim pontos positivos.
Ao mesmo tempo em que caminhamos, na urgência de coberturas e também de vícios preconceituosos dos profissionais que atuam na área, abordagens por vezes não assertivas fazem com que o ato seja ampliado, dando ainda mais força e fôlego àqueles que apostam na violência como método para discriminar e rebaixar as camadas mais vulneráveis - e ao mesmo tempo, majoritárias - da sociedade.
Na falta de profissionais que trabalham de maneira humanizada e estejam atentos à repetição de pensamentos e falas racistas, a imprensa, por sua vez, acaba penalizando não o opressor, mas, sim, aquele que já é oprimido e "bola da vez".
Como a atitude do jornalista Andrés García, do jornal espanhol SuperDeporte, que logo após a partida questionou se Vini pediria desculpas à torcida pelo fato da expulsão.
Os ataques a Vini Jr não são de agora. "Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga", são falas do jogador.
Contra o jogador, ao todo, foram 10 atos só nesta temporada, o que já deveria ter deixado claro como discutir não só o assunto, mas a maneira como conseguimos falar do que acontece, sem fazer com que mais pessoas sejam violentadas pela cor de sua pele, orientação sexual e demais características que deveriam servir como motivo de orgulho, não de dor.
Ao tocarmos nessas situações, fazemos com que políticas públicas possam ser exigidas pela sociedade, através dos representantes escolhidos pela democracia e também de autoridades, além de fazer com que os responsáveis sejam punidos. Mas nossa função não deve ser estimular ainda mais ódio e violência.
Como a criação, até mesmo, do aplicativo "Simulador de Escravidão", que remonta as experiências vivenciadas por escravizados, disponível em uma das plataformas digitais mais importantes do planeta e que só foi retirado do ar por pressão pública. Antes, figurava com sinalização de "quatro estrelas", onde a "diversão" era fazer do usuário um "proprietário de escravos", com incentivo à comercialização e à tortura de pessoas.
O racismo, no fim, não deve pautar mais racismo, e nem nós podemos nos deixar pautar por ele.
E antes que eu me esqueça: como Vini Jr. joga bonito! É magia negra dos pés à cabeça.
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