Opinião

Larissa Manoela e o sentimento de quando nos mostramos frágeis

Basta uma pessoa fugir da doce trajetória esperada e pronto: vem a frustração. Pais, amigos, parentes, parceiros/as... Até mesmo um país inteiro fica com as expectativas quebradas por aquilo que "não deu certo" — colocando ainda mais peso em algo que machuca grande.

Essa parada não é sobre impotência, mas sobre realidade. Como a televisionada pelas lentes do Fantástico no último domingo, quando a atriz multifacetada Larissa Manoela trouxe a público questões que a afligiam. E ocasionada, vejam só, por seus pais. Seria esse o "show da vida"?

Nem sempre o que é mostrado no tempo de um story, ao rolarem o feed do Insta, do TikTok ou do Twitter (me desculpem, eu ainda não consigo chamar de ??X??) é verdadeiramente aquilo que se vive. Na vida fora das telas, o que nos causa alvoroço não chega nem a virar post, sendo o travesseiro o nosso único espectador e amigo para as questões que mais nos afetam.

Reconhecer isso é quebrar ideais, sendo simplesmente aquilo que podemos ser, abandonando a busca pela excelência eterna, brindando a dádiva que é ser um mortal.

Após esse momento de divã coletivo que fez de Larissa sua própria Geni, uma dose farta de cobrança veio à tona: "Será que ela deveria ter feito aquilo?", "é filha brigando com pai e mãe" e mais uma chuva de comentários acerca de uma história que, para não dizer outra coisa, é triste.

Triste e humildemente humana. Nela, multiplicam-se as questões financeiras e há subtração de humanidade (esse último quesito tão em falta nos dias atuais). Na real, é pela insensibilidade que brigamos.

Ao ver o enredo, longe de uma simples história de novela das seis, nos deparamos com o peso da frieza, dos outros e também as nossas, refletindo sobre o quê nos resta quando nossas fragilidades estão em xeque, no meio de um cotidiano onde o erro é inadmissível e o fracasso visto como sentença de morte, certificando-nos sobre as impossibilidades da vida. E encontrar, numa resposta até "simples", o que a própria vida ensina e quer da gente quando vivemos momentos assim: ??Coragem??, tal qual o poeta Guimarães Rosa resume tão dignamente em versos da obra "Grandes Sertões: Veredas??.

Coragem e um abraço, já que não faz mal sentir que carecemos de amparo quando o bicho aperta, o couro come, o neném chora e a mãe não vê. Não aniquila a dor, não acaba com o sofrimento, mas cura um bocado, na mesma grandiosidade que desejo com que a situação de Larissa e seus pais termine bem. Assim como espero lidar melhor com minhas falhas, meus erros, minhas incapacidades e as do outro, me fazendo amigo da fragilidade. É a realidade que espero esperançar para mim, pra você, pra mim.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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