Eduardo Carvalho

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Opinião

'Chique, mas político', Sued Nunes e a nova MPB; música preta brasileira

O mercado de música movimentou até aqui, R$1,191 bilhão, segundo aponta o novo relatório da Pró-Música Brasil. É muito dinheiro! Se há consumo, há demanda e se há demanda, é preciso entender quem está do outro lado da batida. Na grande maioria, são fazedores negros e negras (sem deixar de lado artistas LGBTQUIAP+; índigenas e mulheres) que estão só no início de suas trajetórias, e que merecem ser escutados pois, sobretudo, ajudam a construir a história da MPB. Sim, a Música Preta Brasileira.

Falo de novos atores, como o caso da artista baiana Sued Nunes, que junto dos também cantores Duquesa, Mc Kadu e Grupo Benzadeus fazem parte da nova edição do AMPLIFIKA, programa criado pelo Spotify Brasil para destacar e reverenciar a cultura negra brasileira, os criadores da comunidade e suas produções.

‘’A gente fura bolhas quando se conecta a mais pessoas, acessa outros territórios que não só os de origem, cresce números, fica na boca das pessoas. Artistas negros merecem esse lugar, então existe uma importância desse apoio que é sobre mercado, mas também reparação pelo tanto que temos que ser melhores e mais esforçados.’’, diz Sued, que gravou uma faixa especial exclusivamente para o projeto na série Spotify Singles.

As produções estão na plataforma desde agosto e vão até novembro.

Além da produção ‘’apadrinhada’’, o intuito é se tornar um apoio ainda maior para que artistas independentes possam ter, em suas mãos, ferramentas que possibilitem um crescimento sustentável de seus ‘’corres’’.

"Há uma certa desigualdade dentro da indústria, por isso que a gente sempre pensa nesse lugar. É um programa 100% nacional, voltado para vozes pretas, que surgiu como um hub de playlists e cresceu.", diz Luciana Paulino, gerente de parcerias com artistas e gravadoras no Spotify no Brasil.

"E agora a gente decidiu descentralizar a informação com o Aula Amplifica. Passaremos por Belo Horizonte, Salvador e Rio de Janeiro, sempre com o recorte de chamar artistas pretos em ascensão, com workshops para potencializar suas carreiras e entender como podem trabalhar o conteúdo deles dentro da plataforma e fora’’, continua Paulino.

Tudo isso a partir dos números, que hoje movimentam e explicam o consumo exponencial dos segmentos. Como o hip-hop, que, só de janeiro a julho deste ano, fez do Brasil o terceiro país que mais escuta o ritmo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do México. 23% do total de reproduções. Ou mesmo o pagode - que amo - contabilizando mais de 3,6 milhões de playlists dedicadas apenas ao estilo na plataforma, um aumento de 28% em comparação com o mesmo período de 2022.

‘’O Spotify entra nesse momento como um lugar de aliado, não sendo apenas uma plataforma de distribuição. A gente quer estar junto com esse artista, e crescer na carreira dele. A gente acredita que esses artistas às vezes precisam das ferramentas certas para que o crescimento seja sustentável, deixando um legado, o nome. Vale apoiar esse criador’’, diz Luciana.

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Para Sued, a representante da vez no grupo, o caráter de reconhecimento de seu trabalho amplia a visibilidade da sua obra. ‘’Isso é movimento direto de circulação, visibilidade e possibilidade mercadológica. É incrível, é chique, mas sobretudo, político.’

É MPB para tocar em todos os lugares, ter todas as vozes. Do Spotify às Novas Brasis, em todo canto, sem distinção. Música para amplificar e alegrar a alma.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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