2023 e a sensação do 'fiz o que pude'
De agora até a última badalada de um ano que termina no domingo - quase como o "Fantástico" - com certeza a mente já bugou mil vezes, com pausas apenas para comer um pedaço do peru, o panetone (do qual sou fã) ou na tirada da uva-passa de qualquer comida que ainda esteja rolando pela casa.
O desafio? Manter-se incólume na reflexão sobre o que foi feito (ou devia) durante 12 meses. E constatar, de pronto: "Fiz o que pude". E não, não foi por falta de vontade ou qualquer outra coisa que o valha, e sim pela correria absurda de uma vida que empilha, ao mesmo tempo, muitos pratinhos.
Na dinâmica equilibrista, sermos muitos em um só, dando conta também de outras mil vidas que estão ao nosso redor. "Era pra ser?", fica a questão, enquanto rola em nossas retinas um filme timelapse de cada momento. Na agitação que remonta todas as situações, o sentimento de "puxa, dava pra ser melhor".
Mas o tal "melhor" era pra si ou para outros? Quando o fator "eu-sozinho-para-o-mundo" entra em ação? Numa conversa recente com uma pessoa especial, cheguei à conclusão de que tanto "sucesso" quanto "brilhantismo" não podem ser efeitos da ótica do "fazer tudo" - seja na esfera pessoal, afetiva e profissional. Aquilo que nos preenche e faz ficarmos satisfeitos poderia ser ressignificado por aquilo em que, tendo chance, foi lá e contribuiu, de alguma maneira. Está longe de ser obrigação, o papo aqui é sobre compreensão.
No meu caso foi assim, num aprendizado constante de quem teve que ser forçado, pela saúde, a retirar das costas um peso da mochila de pedras carregada ao longo da caminhada. E dimensionar o impacto de cada ação/atitude, sempre alinhado com a tríade que nos eleva no agora: expectativa X realidade X desejo, dispondo minha energia em acreditar que, apesar de muito mais tensa e intensa, é o que se vive no "ao vivo" que me orienta.
Assim, olhar com um pouco mais de carinho para as conquistas, nunca aliviando para a análise que me leva num estalar de dedos sobre aquilo que "não deu"; "não fiz"; "não consegui". Eu sei, parece doido pensar isso, um tanto quanto romântico, mas... se não rolou, não era o momento; se não realizou, não era seu; se não fez, algo melhor está por vir.
São dinâmicas que só o tempo, além da bondade, nos trazem como riqueza e sabedoria para uma vida mais madura e menos pesada. Sacou? Alivia pra si e pros seus. Honre tua vida e trajetória. Saúde o que tiver que celebrar. "Pé em Deus e fé na tábua", me cantam Os Tribalistas.
A gente se encontra em 2024.
P.S.: Obrigado aos leitores, editores, repórteres, ao time que faz a máquina girar em UOL e especialmente, em ECOA. Um beijo carinhoso à Patrícia, minha editora recém-chegada no bonde.
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