Consumo de álcool: cresce número de quem dispensa beber e não perde a vibe
Shot? Só se de água com gás e limão. Espremido, não rodelas! E assim, sentir as bolhinhas ganharem a garganta, mesmo que com gosto azedo, mas refrescante. Dessa forma, ficar ''de boa'' no rolé, sem dar perda total - o famoso 'pt' - colhendo os louros de invicto na condição de sem nenhuma gota de álcool.
Antes solitário no time, por conta de questões de saúde, hoje vivencio e vejo o número de jovens no grupo que não bebem crescer. Mesmo que durante festejos como Réveillon e Carnaval - esse, por exemplo, foi tema antes, durante e também já nesse finalzinho da folia. ''Me dá muita dor de cabeça''; ''É melhor curtir sem pesar''; ''Tenho problemas na família'', ''Não sinto mais falta, tô pela zoação e o encontro'', foram alguns dos relatos que ouvi de pessoas próximas, mas que não devem destoar de quem está pertinho de você. Além, é claro, de um argumento que quebra todos os outros, ou na real, explica outra parte: ''Beber está caro, Edu''.
A autopreservação financeira é sim um dos condutores. Pesam-se aos fatos a dinâmica do custeio da ida, a alimentação, a roupa (em alguns momentos) e também da própria bebida. Nunca ''umazinha'', e sim um pequeno pacote; ou mesmo o dinheiro gasto num só drinque, por vezes igual a tudo aquilo que foi gasto antes mesmo de se chegar no restaurante, bar ou balada. E a difícil decisão: beber ou….sair?
Em 2020, um estudo mensurou os hábitos etílicos de adolescentes de 12 a 18 anos em 39 países na América do Norte, Europa e Oceania. Em comparação com as taxas de consumo de álcool observadas num período de 20 anos, houve diminuições superando a casa dos 50% em países como Noruega, Suécia e Lituânia. Na Islândia, veja só, ultrapassa os 80%.
Segundo dados em 2023 do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), os números em 2021 apontavam que 19,3% dos brasileiros de 18 a 24 anos fazem o consumo abusivo, mas a ocasião foi a primeira vez em que o índice ficou abaixo dos 20% desde 2015. O documento também registrou "não ter dados suficientes para confirmar se há uma tendência de mudança de comportamento dos jovens em relação ao hábito de beber e as razões para moderar o consumo".
Uma das conclusões para os pesquisadores é que "o principal motivador para moderar o consumo de bebidas alcoólicas [entre os jovens] está relacionado à necessidade de manter a reputação e o bom desempenho nas atividades rotineiras, principalmente o trabalho".
Seja qual for o motivo exato, há um crescimento, mesmo que difuso. Nas redes, esgotam-se as publicações sobre saídas sem álcool ou até do preconceito para aqueles que não bebem.
Entre embriagados e sóbrios, fico com um post recente do historiador e professor, Luiz Antônio Simas: ''Beba a bebida que gosta de você. Amor não correspondido é um perigo''.
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