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Júlia Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Como melhorar a proteção oferecida por sua máscara

Segundo estudos, as máscaras PFF2 e N95 conseguem filtrar de maneira eficaz as partículas do coronavirus - Getty Images
Segundo estudos, as máscaras PFF2 e N95 conseguem filtrar de maneira eficaz as partículas do coronavirus Imagem: Getty Images

30/03/2021 11h01

Esta coluna hoje vem prestar um serviço de divulgação científica sobre o que já conhecemos da eficácia dos diversos modelos de máscaras para proteção contra o coronavírus. Vários influenciadores e divulgadores já estão fazendo este trabalho importantíssimo e eu me uno a eles para alcançar mais pessoas.

Basicamente, o que deve ser levado em conta na escolha de máscaras faciais são a sua capacidade de vedação e sua capacidade de filtragem. Boas máscaras precisam estar muito bem ajustadas ao rosto, para que não deixem folgas e entradas entre a pele de quem usa e o seu material.

Além de vedar, boas máscaras precisam filtrar bem tanto as partículas que saem do nariz e da boca de quem usa como as que chegam pelo ar vindas de outras pessoas.

Você já deve ter percebido que usar máscara é um cuidado coletivo. Em uma conversa, a minha máscara é, sim, capaz de me proteger, mas principalmente protege quem interage comigo. Tanto é assim, que no caso de eu estar usando máscara e um amigo não, o maior risco de contágio é meu. No entanto, se mantemos a distância de cerca de 2 metros e conversamos usando boas máscaras, o risco de contágio cai drasticamente para ambos.

Na maior parte dos países, o uso correto de máscaras em ambientes públicos é uma realidade, seja porque culturalmente a população tem boa aceitação para estas medidas, seja porque governos formularam leis visando proteger a coletividade. Acima do meu direito individual de escolher como quero circular pela cidade existe algo maior que é o direito coletivo à saúde.

Em artigo de 19 de fevereiro, o CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças), uma espécie de Anvisa americana, publicou um estudo que avaliou formas de melhorar a eficiência das máscaras de pano e das máscaras cirúrgicas.

A conclusão deste artigo é de que colocar uma máscara de pano sobre uma máscara cirúrgicas e/ou dar um nó nas alças de uma máscara cirúrgicas e, em seguida, prender e achatar o material extra perto do rosto melhorou substancialmente o controle da fonte e reduziu a exposição do usuário. Estas informações podem ser checadas no site do CDC, neste link aqui.

Fotos de estudo do CDC sobre eficácia de máscaras - Divulgação/CDC - Divulgação/CDC
Imagem: Divulgação/CDC
  • Como as imagens mostram, a máscara de tecido sobre a máscara cirúrgica (B) provoca um ajuste mais cuidadoso do material da máscara ao rosto de quem usa. Assim, ocorre menos entrada e saída de ar não filtrado pelas camadas da máscara.
  • Na terceira foto (C), dar um nó nas alças da máscara também contribui de para esta mesma vedação, o que aumenta a proteção conferida por este dispositivo.

Sem mais delongas, e de forma bem resumida e didática, vamos às informações científicas que podem ampliar sua proteção e a da sua família com pouco investimento financeiro ou até mesmo usando as máscaras que você já tem em casa.

1- As máscaras que naturalmente moldam nosso rosto e oferecem máxima filtração e vedação sem necessidade desses ajustes citados acima são a PFF2 e a N95. Esses modelos não são valvulados, o que, além de garantir maior proteção de quem usa, aumenta também a proteção de quem está por perto.

2- As máscaras de tecido definitivamente não são a melhor proteção, principalmente quando o espalhamento do vírus atinge níveis como o brasileiro. Contudo, vale dizer que qualquer máscara já é melhor do que não usar máscara nenhuma. Para uma máscara de tecido proteger melhor quem usa e quem está em volta, ela precisa se ajustar bem ao rosto (vedação) e ter ao menos duas ou três camadas de tecido para melhorar sua capacidade de filtrar o ar.

3- O protetor facial tem se tornado comum entre pessoas que trabalham com o atendimento ao público. Este protetor é, sim, uma boa barreira capaz de auxiliar a máscara para a nossa proteção, mas nunca deve ser usado sozinho. Ele complementa a proteção trazida pela máscara. Sem ela, ele não protege!

4- As máscaras antivirais escondem uma armadilha. O tecido pode ser antiviral mas para ser de fato eficiente, esta máscara precisa vedar bem e filtrar bem. Só dizer que é antiviral não é suficiente para ser uma boa máscara.

5- A barba pode comprometer a vedação das máscaras. Para quem se expõe em ambientes de muito risco como ônibus, metrôs e hospitais, todo cuidado é bem vindo, tirar a barba pode, sim, conferir mais segurança contra o vírus.

6- Mesmo usando boas máscaras, é preciso manter o máximo distanciamento possível de outras pessoas. Máscaras não são 100% seguras. O que elas fazem é reduzir o nosso risco. Cada cuidado que acrescentamos reduz ainda mais as nossas chances de infecção.

7- Lembre-se que todos esses cuidados não adiantam de nada se você abaixa a máscara para falar com seu colega de trabalho ou se você não higieniza adequadamente suas mãos.

8- Saia de casa apenas se isso for inadiável. Se for sair, use máscaras cobrindo o nariz e a boca o tempo todo e evite tocar nelas.

As máscaras PFF2 estiveram muito caras mas já podem ser encontradas por menos de R$ 10 na maior parte do país. Elas podem ser reutilizadas se receberem cuidados adequados. No instagram @qualmascara e no Facebook (Qual Máscara), divulgadores científicos estão fazendo um trabalho profundamente relevante com intenção de informar sobre a melhor forma de se proteger.

No site PFF Para Todos, você encontra informações e links para comprar boas máscaras para você e sua família.

Como nesta coluna sabemos que saúde e política caminham lado a lado, deixo aqui a informação de que alguns países europeus como França, Áustria e Alemanha já começaram a exigir o uso da PFF2 e alguns destes países estão, inclusive, distribuindo gratuitamente para sua população estes dispositivos. Não preciso nem dizer das campanhas educando a população e ensinando a forma correta de se usar.

Portanto, estamos atrás, muito atrás, já que institucionalmente, nem o uso obrigatório de qualquer máscara em espaços públicos conseguimos estabelecer de forma contundente em todo o território nacional. E o que mais espanta é que países onde a vacinação avança a olhos vistos estão mais preocupados com a eficácia das máscaras do que o Brasil, que vacina sua população a conta-gotas, numa lentidão torturante.

Isso vale a luta! Espalhe boas informações e siga se cuidando, já que por aqui, somos "nós por nós"!