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Trudruá Dorrico

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conheça a exposição virtual 'Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo'

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Imagem: Reprodução

27/04/2022 06h00

A exposição "Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo'' apresenta indígenas e suas histórias de vivências nos diferentes espaços que ocupam: aldeia, cidade, universidade, entre outros. Pertencentes a diferentes povos, com idades, saberes e culturas diversas, é possível conhecer os sujeitos que mostram as diferentes formas de dar sentido e estar no mundo. A exposição é uma realização do Museu da Pessoa em parceria com a rede Visibilidade Indígena, com o apoio do UNHCR ACNUR, Armazém da Memória, Instituto de Políticas Relacionais e Embaixada da Noruega.

Braulina Aurora (Baniwa), Pagu Fulni-ô, Mapuãni Huni Kuin, Ian Wapichana, Case Angatu Tupinambá, Potyra Tupinambá, Cristino Wapichana, Olívio Jekupé, Owerá, Kaká Werá Jecupé são os protagonistas desta edição. No site ainda é possível encontrar materiais sobre a Cultura Material Warao, indígenas do povo Warao, refugiados do Estado-nação em crise, Venezuela, para o Brasil. Importante lembrar que junto aos Warao encontram-se outros povos que vivem o agravamento da crise econômico-político-social do país vizinho, tais como Pemón, Eñepa, Kariña e Wayúu.

Etnomídia indígena

No formato de vídeos curtos ou longos, os sujeitos indígenas compartilham suas vivências sobre o trânsito entre o mundo indígena e o mundo dos brancos, suas formações, atuações artísticas e ativismos. Hipamaali, ou Braulina, por exemplo, relata sobre os conflitos na comunicação, nos regimes econômicos, na identificação dos referenciais para a vida diária, distintas de seu modo de viver e agir. O trânsito, porém, não lhe diminui a identidade Baniwa, mas fortalece, pois lhe prepara para compartilhar com seu povo o que aprende na cidade.

É possível também acessar a entrevista completa no site no formato em PDF. Através desse documento descobrimos informações adicionais que nos ensinam a autodenominação e a filosofia Baniwa. Destaco a autodenominação Medzeniako, que é o nome pelo qual se identifica de fato o seu povo, localizado na tríplice fronteira do Brasil, município de São Gabriel da Cachoeira, com Venezuela e Colômbia.

Conhecendo diferentes corpos-territórios

Hipamaali reitera que um indígena é a metonímia do seu território, ao dizer que "o corpo é território de um povo". Nesse sentido, o deslocamento dos sujeitos indígenas não pode ser utilizado como argumento para hierarquizar, classificar ou julgar gradativamente quem é mais ou menos indígena, como determinou historicamente a política da integração no país. Pelo contrário, para firmar o direito ao livre trânsito, as ocupações em diferentes funções, o direito à identidade e ao protagonismo indígena.

Hipamaali é mãe, liderança indígena, antropóloga e uma importante voz das mulheres Medzeniako e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), seu trânsito não pode ser entendido como uma condição que lhe tira a identidade e o modo de ser e viver indígenas, mas sim a de uma mulher indígena contemporânea, que vive neste tempo do século 21.

Para acessar a exposição completa, acesse aqui: Museu da Pessoa - Exposição Vidas Indígenas