USP debate valorização das árvores urbanas
No Plano Municipal de Arborização Urbana de São Paulo (PMAU), um fluxograma mostra o destino dado para as árvores podadas. Galhos grandes e raízes vão direto para o aterro sanitário. Galhos finos que forem passíveis de trituração -se houver triturador disponível - podem ser picados e levados para pátios de compostagem e misturados a restos de feira para terminar como adubo orgânico. Se não houver triturador, os galhos finos vão direto para o aterro. Como se sabe, material orgânico em aterro é desperdício de espaço e aumenta a geração de metano, um dos gases do efeito estufa. O material recolhido em São Paulo pode chegar a um volume de 50 mil toneladas e a cidade gastava, até 2019, em média, R$ 4,6 milhões por mês com podas.
O diagnóstico do plano mostra que São Paulo trata mal também de suas árvores mortas. As vivas, sabemos, são submetidas às necessidades de instalações e manejos da fiação elétrica, operada por concessionárias.
As árvores são tratadas como incômodo pela mentalidade comum de cimentar e ladrilhar para facilitar a limpeza, e são defendidas bravamente da devastação por grupos voluntários como Muda Mooca, Muda Butantã, por exemplo, que plantam em calçadas, e os eventos de plantios globais, que reúnem ativistas.
Poderia ser diferente? Muitas experiências mostram que sim. Um exemplo é o que acontece na cidade de Baltimore, nos Estados Unidos. A cidade tem um plano para aproveitar a riqueza da floresta urbana. O Baltimore Wood Project atua junto com o Serviço Florestal dos Estados Unidos para recuperar as sobras da manutenção das árvores urbanas e a madeira recuperada da desconstrução de edifícios, retirando esse material do fluxo de resíduos da cidade. A madeira coletada é separada, processada e revendida localmente para uso em construções, móveis e energia. Entre os benefícios do projeto, reduzir o desperdício de espaço no aterro, criar empregos, aumentar receita para o município, incentivar a economia verde.
Em São Paulo, o plano de ação contido no PMAU prevê aumentar a destinação de podas para os pátios de compostagem e aumentar em número esses pátios nos próximos cinco anos. Também está prevista cooperação técnica com instituições de ensino e pesquisa para avaliar as espécies da cidade e seus usos, a fertilidade do solo e o uso do composto.
Nos contratos de conservação e manejo arbóreo, devem ser incluídas a utilização de triturados ou composto de resíduos produzidos pela Prefeitura nos pátios e deve haver orientação para que os próprios parques realizem a compostagem de seus resíduos.
O plano de São Paulo e outras experiências de valorização das árvores urbanas serão abordadas em um seminário online internacional nos próximos dias 17 e 18 de novembro, organizado pelo Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo (Nutau) da USP.
O seminário vai discutir políticas públicas de arborização urbana, o seu potencial para projetos de urbanismo, arquitetura e design, experiências de uso de resíduos, rotas tecnológicas para o material lenhoso e gestão urbana, conforme explica a professora Cyntia Malaguti, coordenadora do Nutau.
O tema congrega especialistas de muitas disciplinas. O seminário espelha isso e vai reunir mais de 30 pesquisadores, professores, representantes do setor público e prestadores de serviços brasileiros e estrangeiros. O primeiro painel, sobre planejamento e manejo da arborização urbana e seus reflexos na geração de resíduos, terá o diretor do Instituto de Biociências e do Centro de Síntese USP, professor Marcos Buckeridge.
As inscrições são gratuitas até dia 15. A programação está no site da Nutau.
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