EUA e China prometem acelerar corte de emissões de carbono
Em dois importantes fóruns internacionais, representantes de maiores potências emissoras de carbono discutiram como viabilizar a retomada pós-pandemia com economia mais resiliente, inclusiva e de combate ativo às mudanças climáticas. No Fórum Econômico Mundial e na Conferência para Adaptação Climática, as promessas da China e dos Estados Unidos foram de acelerar mudanças para a economia verde, com referências explícitas à diminuição de emissões de gases do efeito estuda, o que implica corte radical no uso de combustíveis fósseis.
Em Davos, na abertura do Fórum, dia 25, o presidente da China, Xi Jinping, destacou a necessidade de os países aumentarem seus esforços para combater as mudanças climáticas. Defendeu as metas do Acordo de Paris e a agenda 21, ressaltando a necessidade de apoio aos países em desenvolvimento.
Jinping disse que a China quer liderar o mundo no combate à crise do clima. A lição de casa chinesa seria acelerar a transformação da sua infraestrutura industrial e aumentar o uso de energia limpa. A China tem, de fato, diminuído o uso de carvão, sua principal fonte de energia. A participação na matriz energética saiu de 70,2%, em 2003, para 57,7%, em 2019. O gás natural saltou, no mesmo período, de 2,3%, para 8% a participação no total da energia chinesa. Mas o país ainda consome mais da metade do carvão mundial, fonte responsável por 11% de toda a emissão global de CO2.
Na Cúpula de Adaptação do Clima, no mesmo dia 25, organizada pela Holanda para discutir planos de mitigação e formas de financiamento, o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, disse que a crise climática é prioridade de Joe Biden, que o novo governo norte-americano quer compensar o tempo perdido na era Trump - com a saída do Acordo de Paris - e prometeu que os EUA vão aumentar o financiamento para ações de mitigação climática em comunidades mais vulneráveis.
Kerry conclamou os países a tratarem a crise do clima como a emergência que ela realmente é, reduzindo drasticamente as emissões de gases de efeito estufa. O representante do governo norte-americano anunciou que os Estados Unidos voltarão a participar da assistência financeira aos países pobres, suspensa no governo Trump.
Um pacote de ações de Joe Biden contra a crise do clima começa a ser anunciado nesta quarta, 27. O novo presidente norte-americano planeja impor uma moratória a todos os novos arrendamentos federais de petróleo e gás, proteger 30% das terras e águas públicas do país até o final da década e direcionar as agências federais para atuar conjuntamente contra as mudanças climáticas em regulamentos e acordos legais. O presidente também quer revisar políticas climáticas e ambientais promulgadas durante os anos de Trump.
É líquida, certa a já anunciada a reação contrária dos grandes conglomerados industriais de petróleo e gás. O argumento é de que de as medidas de descarbonização podem cortar mais empregos.
Artigo do "The Washington Post" da quarta , 27, mostra que a estratégia de Biden já inclui a resposta a esse argumento: as políticas propostas estruturam a um só tempo justiça ambiental e justiça social, direcionando investimentos para comunidades de baixa renda e minorias que tradicionalmente "suportam o peso da poluição".
"No centro da ação executiva de Biden, está um esforço para melhorar as condições nas comunidades negra, latina e nativa americana, que enfrentam perigos que outros não queriam: usinas elétricas, aterros, incineradores de lixo, portos marítimos, minas de urânio e fábricas", diz o texto do Post.
Segundo o mesmo artigo, a Casa Branca estabelecerá um grupo de trabalho interagências para ajudar as comunidades na transição da economia do carvão e de outros combustíveis fósseis.
Como disse o próprio Kerry, em entrevista recente, se a China e os EUA, como os maiores emissores de carbono do mundo, não explicarem exatamente como reduzirão as emissões nocivas ao clima mais rapidamente, todos nós vamos deixar de acreditar.
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