Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Novo sistema modular e sem obra é opção de compostagem para empresas
A ideia da compostagem está pegando nas empresas. Ela é impulsionada pela necessidade de metas e medidas mais sustentáveis e menos poluentes. Cresce o número de administradores que querem deixar de encaminhar para aterros sanitários os resíduos orgânicos de hotéis, refeitórios de indústrias, shoppings, escolas, clubes e condomínios.
"As empresas estão preocupadas com as questões da agenda 2030. Principalmente as unidades brasileiras das multinacionais que aderiram à ideia do aterro zero. O resíduo era o último tema a ser pensando quando se falava em sustentabilidade, mas agora essa questão bateu à porta", diz Cláudio Spínola, da empresa Morada da Floresta.
O investimento necessário para criar uma estrutura permanente, com modificação do local, obra civil, de treinamento e dedicação de pessoal para manutenção, no entanto, pode impedir a adoção da compostagem nesses locais.
Foi com essa ideia que a Morada, pioneira na produção de composteiras domésticas com minhocas no país, desenhou seu novo modelo, o HumiBox, sistema modular com compostagem termofílica para atender geradores de média e larga escala, ou seja, até 400 kg por dia.
Para empresas com até essa quantidade de resíduos diários, existem dois outros tipos de opções no mercado. Um deles é o de instalação de maquinário no local, com sistemas elétricos de secagem, que reduzem o volume dos resíduos, mas não geram composto de qualidade. Outro, mais comum, é o da coleta dos resíduos orgânicos para compostagem em pátios especializados, fora da empresa.
Diferentemente da vermicompostagem, o sistema usado na HumiBox é o da compostagem termofílica, que aceita maior variedade de resíduos orgânicos, como restos de carne, cítricos e alimentos cozidos. "Nesse sistema, as bactérias processam a matéria orgânica aumentando sua temperatura a mais de 60 graus, o que deixa o processo higienizado", diz Cláudio.
Os cubos da HumiBox são feitos de material reciclado, com sistema de drenagem e captação do adubo líquido. Segundo a empresa, que já tinha cilindros para esse tipo de processo, os cubos podem ser instalados em qualquer tipo de piso, o que evita obras estruturais. Por ser um sistema que coleta e recircula automaticamente o líquido que resulta do processo, chamado de percolado, não há necessidade de licenciamento ambiental para a sua instalação.
Cada cubo pode receber até 15 kg de resíduos orgânicos por dia e produz cerca de 150 kg de adubo por mês. Com 12 cubos, o espaço ocupado é o de um carro numa garagem e a capacidade é de receber cerca de 150 kg por dia.
A composteira tem um sistema de aquecimento movido à energia solar para drenar, coletar e reconduzir o adubo líquido que iria para o solo para umedecer a matéria orgânica em decomposição e acelerar a compostagem.
"Resolvemos desenvolver o sistema de 'compostagem as a service', com diagnóstico, instalação e depois suporte remoto, mentoria de gestão, estratégia de comunicação com os usuários, através de uma mensalidade. Podemos fornecer matéria seca triturada e ensacar o composto, ao final do processo", diz Cláudio. "O ideal é que a empresa comece a pensar em organizar uma horta após o início da compostagem, para usar o adubo", sugere.
A Morada da Floresta foi finalista do Empreendedor Social promovido pela Folha de S. Paulo. Realizado em parceria com a Fundação Schwab, o prêmio é o principal concurso de empreendedorismo socioambiental na América Latina.
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