Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Green Mining paga preço "justo" do vidro para ativar coleta
Um projeto de valorização da coleta de vidro foi inaugurado na última quarta, 23 de novembro, em Carapicuíba, São Paulo, com uma ambição importante. A cidade, que se originou de uma das aldeias mais antigas do Estado, tem um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de São Paulo e concentra um grande número de cooperativas de materiais recicláveis.
Com um contêiner em um shopping, três caçambas e 30 pontos de entrega em supermercados e estabelecimentos comerciais na cidade, o "Estação Preço de Fábrica" quer incentivar catadores de materiais recicláveis a voltar a coletar vidro e assim garantir melhor remuneração a eles e favorecer o retorno dos materiais para a indústria, a fim de ativar toda a cadeia.
Para conseguir isso, vai pagar "preço justo", ou preço que as fábricas pagam aos intermediários hoje em dia, que é bem acima do que é recebido pelos catadores. Segundo a Green Mining, que idealizou o projeto, os valores serão de 6 a 8 vezes o atual na região. O objetivo é desviar de aterro sanitário mais de 50% dos recicláveis do vidro de Carapicuíba, estimados em 250 toneladas/mês.
"Qualquer pessoa pode usar o sistema, mas quem usualmente faz coleta com altos volumes são os catadores. O projeto visa atingir esse grupo. Quer dar valor para quem está fazendo esse serviço ambiental para a cidade", diz Rodrigo Oliveira, presidente da Green Mining. O projeto tem apoio da prefeitura da cidade e parceria do Grupo Boticário.
Hoje em dia, é difícil que os catadores apanhem vidro, devido ao baixo preço. O material acaba nos aterros, na maior parte das vezes. O projeto quer mudar o quadro agindo diretamente no mercado.
"Mapeamos que os catadores da região recebem R$ 0,06 centavos por quilo de vidro e sucateiros R$ 0,14 centavos. Nós vamos pagar um valor de 600% a 800% maior do que um catador ou carroceiro recebem hoje: vidro transparente: R$ 0,62/kg; âmbar: R$ 0,42/kg e verde: R$ 0,28/kg", diz Rodrigo.
Na estação, o vidro é recebido, pesado e separado por cor. Os valores são registrados e, semanalmente, são feitos depósitos por PIX ou vale-alimentação nas contas dos coletores. O valor repassado é o valor pago pela usina menos os impostos (9,6% referente à alíquota do Simples nacional). De lá, o material fica num ponto de concentração e depois é enviado para São Bernardo do Campo, na fábrica de vidro da Wheaton.
Segundo o Boticário, o projeto se insere no compromisso do grupo de mapear e solucionar 150% dos resíduos sólidos gerados e reduzir a desigualdade social de 1 milhão de pessoas.
"Consideramos que o projeto de Carapicuíba é o início de um processo contínuo. É pioneiro numa reciclagem inclusiva que entrega o valor verdadeiro e justo para as pessoas que estão na ponta, são o primeiro elo da cadeia", diz Rodrigo.
"Diversas empresas já se interessaram muito pelo projeto e estão estudando para o próximo ano. A próxima deverá ser em parceria com a Ibema, de embalagens, em Embu das Artes, para a coleta de papelão. Lá, papel e papelão já poderão ser reciclados na própria fábrica, ou seja, um fiel 'Estação Preço de Fábrica'", conta Rodrigo.
Segundo ele, depois dessa unidade focada em papelões que seguirão para a Ibema, o projeto vai iniciar coleta de plásticos PP, PEAD e PET.
A estação piloto do projeto está no shopping Plaza Carapicuíba e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h e, aos sábados, das 8h às 12h.
A Green Mining fez parte do programa de aceleração da Ambev e entrou para o ranking 100 Open Startups, entre as dez melhores na categoria CleanTechs em 2021. Segundo a empresa, desde o início das operações, já foram coletados e encaminhados para reciclagem mais de 2,5 milhões de quilos de embalagens pós-consumo e evitada a emissão de mais de 417 mil quilos de CO₂.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.