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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Qual foi a lição ensinada por São Francisco de Assis sobre meio ambiente

São Francisco de Assis - Reprodução/Wikimedia Commons
São Francisco de Assis Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Colunista do UOL

03/09/2022 06h00

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Esta semana, para uma disciplina da faculdade, li um poema muito famoso de São Francisco de Assis: Laudes creaturarum, o Cântico das Criaturas. Nele, o religioso procura louvar as criações de seu Deus, como o sol, a lua, a água, a terra, entre outras. Transcrevo aqui a tradução em português da estrofe em que se fala da terra:

"Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, e produz variados frutos, com flores coloridas, e verduras."

Cabe lembrar que Laudato si?, a encíclica editada em 2015 pelo papa Francisco, recupera esse cântico para denunciar os maus tratos ao planeta e conclama as pessoas a se unir para tomar medidas urgentes para proteger o mundo de sua destruição. Eu, que estou longe de ser uma pessoa religiosa, fico tocada por esse apelo.

Esta semana, li uma notícia no The Guardian sobre um manifesto de cientistas que defendem a desobediência civil como medida efetiva para alertar os poderosos de que sua falta de ação contra o desastre climático que castiga o planeta nos condenará à extinção, seja por inanição, por desidratação ou por autodestruição em si mesma.

Sempre ouvi estimativas de que em breve a água potável do mundo não será suficiente para todos, e de que a próxima guerra mundial não será pelo petróleo, causa de tantos conflitos, e sim pela água, cada vez mais escassa.

As severas estiagens que assolam o hemisfério norte e as ondas de frio que assolam o hemisfério sul confrontam as teses negacionistas de que o aquecimento global é uma conspiração. O discurso político brasileiro ainda não se ateve fortemente à pauta ambiental. É inegável que retrocedemos nesse assunto, e que recuperar o protagonismo na preservação do planeta levará bastante tempo ainda.

Outros colegas de Ecoa poderão falar mais detalhadamente sobre as catástrofes ambientais que muito têm a ver com a agenda política negacionista. Por ora, como amazônida e pessoa que ama a vida e a esperança, contra estes que amam a morte e a destruição, espero que a luta contra os negacionismos e a escassez seja mais que uma oração, antes uma ação.