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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vera Magalhães: Será que a teoria do 'homem cordial' cairá por terra?

A jornalista Vera Magalhães  - Ketilyn Bells/Futura Press/Folhapress
A jornalista Vera Magalhães Imagem: Ketilyn Bells/Futura Press/Folhapress

Colunista do UOL

17/09/2022 06h00

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Corro o risco de chover no molhado esta semana. Mas isto se faz necessário.

Há algum tempo, escrevi sobre não termos a obrigação de sermos bons sempre, ou de sempre atender às expectativas que a sociedade nos impõe. Com a recente flexibilização no uso de máscaras, vivemos um dilema: parar de usar a máscara e julgar a pessoa como negacionista ou continuar usando a máscara e adiar a volta a uma tentativa de normalidade?

Nenhum dos dois lados está certo ou errado. Voltar a uma pretensa normalidade se faz necessário, tendo em vista a normalização da covid que não vai nos abandonar nunca mais, mas os cuidados continuam necessários. Se o bom senso imperasse, não precisaríamos conversar sobre isso; infelizmente ele não é respeitado. O discurso negacionista impede o discurso otimista.

O fato de não precisarmos ser bons também remete aos ataques à jornalista Vera Magalhães por lunáticos criminosos. Ela foi sistematicamente vilipendiada e ameaçada por não concordar com os arroubos antidemocráticos desta gentalha, e ao invés de defendermos as liberdades fundamentais, começamos a criticar o carma, como li em um artigo aqui no UOL mesmo.

É óbvio que Vera Magalhães não é uma santa, e sim um ser humano, que tem opiniões e falhas. E ela tem total direito a ter suas opiniões e suas falhas. Assim como eu tenho direito a ter minhas opiniões e minhas falhas. O problema é termos ameaçada a nossa integridade por nossas opiniões, ainda que burras.

Mais uma vez devemos apontar a assimetria dos discursos: temos um discurso claramente perigoso, que pretende aniquilar o outro por não concordar com ele; e temos os vários discursos que denunciam este, mas sempre no campo das palavras.

A história há de mostrar qual dos discursos retrata o brasileiro. Será que finalmente a teoria do "homem cordial" cairá por terra? Ou ainda há um sopro de sensatez que humanize e requalifique essa teoria simplista?