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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que esperar das candidaturas trans eleitas para o Congresso?

Erika Hilton e Duda Salabert são as primeiras deputadas trans eleitas no Brasil - Alexandre Meneghini/Reuters / Reprodução/Facebook/Duda Salabert
Erika Hilton e Duda Salabert são as primeiras deputadas trans eleitas no Brasil Imagem: Alexandre Meneghini/Reuters / Reprodução/Facebook/Duda Salabert

Colunista do UOL

08/10/2022 06h00

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Desânimo me representa nesta semana. Ainda me custa cair a ficha de que tanta gente prefere a barbárie e de que o nosso Congresso é o pior, com gente que deveria estar nas páginas policiais e não nas de política. Mas vamos que vamos; ainda há coisas a se comemorar.

Hoje falarei de duas expoentes do movimento LGBTQIA+ que farão parte desse congresso e terão muita luta pela frente: Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), candidatas trans eleitas com votações expressivas em seus Estados e que pelos próximos quatro anos serão parte da resistência contra a desinformação e o caos, ganhe quem ganhar a presidência.

Quero falar sobre o que espero dessas legislaturas e sobre quais projetos considero importantes que essas novas deputadas defendam para a comunidade LGBTQIA+.

Uma pauta importante é retomar a participação popular nas instâncias de governo. As conferências e conselhos, extintos pelo não-governo, podem ser um sonho distante, mas novas instâncias de poder popular devem ser criadas, para que o povo escolha seu destino. Tive a honra de participar em conferências quando elas ainda existiam, e sempre saíam ideias interessantes.

Garantir o autoconhecimento das crianças contra abusos de pessoas mal-intencionadas, para além do ridículo conceito de "ideologia de gênero" que essa gentalha tanto adora falar, deve ser pauta. Salvar nossas crianças é fazer com que elas saibam defender seu próprio corpo.

As políticas públicas de prevenção e tratamento de ISTs, tão elogiadas mundo afora, e tão sucateadas nos últimos anos, devem ser defendidas e ter aportes maiores de recursos para pesquisa, salvando nossa população e em especial a comunidade LGBTQIA+.

Leis que reconheçam o caráter de extermínio da população LGBTQIA+ propagado pela direita e que eduquem a população que ainda pode ser educada e puna a população que já não tem mais jeito devem estar no radar.

Por fim, apoiar todos os projetos que acabem com a fome que ronda, o desamparo que ronda, a violência institucional que ronda, devem ser um norte para essas legislaturas.

Uma boa sorte para as duas. Vocês irão precisar!