Importunar fiéis nada tem a ver com a história de Jesus Cristo

Mais uma vez, eu, uma pessoa nada religiosa, vou ter que falar sobre religião. E sobre o óbvio: estamos num país laico e livre, onde os diferentes credos convivem (ou deveriam conviver) em harmonia, sem serem interferidos pelo Estado, ou interferirem nele.

Lembro de uma das primeiras vezes em que fui a uma manifestação, no longínquo ano de 2013, quando nomearam para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, um pastor que era abertamente contra os direitos de pessoas LGBTQIA+ e de outras minorias, como aquelas pessoas que professam religiões de matriz africana, historicamente marginalizadas.

A indignação era tão grande que resolvi ir à rua para protestar contra essa palhaçada. Foi um protesto pequeno e pacífico. Inimaginável nos dias de hoje, em que vemos cenas lamentáveis como as vistas em Aparecida do Norte na quarta-feira.

Vou me economizar de discorrer sobre todo o caos instalado pela igreja ao longo dos séculos na vida das pessoas e que poderia ter deixado o mundo um pouco melhor. Prefiro falar sobre como essa "normalização" da interferência da igreja no Estado ao longo dos séculos culminou nesse show de horrores que estamos vendo. Mas nada justifica a agressividade das hordas de lunáticos que agora acusam a igreja de comunista (faz-me rir, né?) e partidária. Sabemos que, se a igreja tomasse partido, para onde o apoio iria...

Outro dia, conversava com uma colega de trabalho, evangélica, sobre as obras de caridade realizadas na igreja da qual faz parte. Isso me abriu os olhos para mostrar que, por sorte, nem todas as pessoas protestantes perderam a iluminação, e essas entendem que o verdadeiro sentido do cristianismo que professam está em melhorar o mundo e não em apoiar políticos que, pelo contrário, o pioram.

Costuma-se fazer a piada de que Jesus era uma pessoa legal, mas o que estraga é o fã-clube. Tendo a acreditar que pessoas que fazem atos como importunar fiéis, que vieram de longe e nada têm a ver com suas visões deturpadas de mundo, não sabem nem quem foi Jesus e qual a importância de sua história (à qual não vou me debruçar sobre ser ou não real) para as religiões.

Adoram ao caos e às fezes que dificilmente devem expelir do corpo. Não sabem como justificar a sua falta de caráter e usam o nome das figuras religiosas como muleta para sua "ridiculice".