Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Além de Symmy Larrat: Onde estão as pessoas trans em cargos de poder?
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Esta semana, junto com Noah Scheffel, tive o privilégio de entrevistar a nova secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, para perguntar sobre os caminhos e desafios da secretaria neste governo que se inicia.
Este é um momento que considero histórico: três pessoas trans dialogando sobre esperanças das pessoas trans. A entrevista foi de uma potência tão gigante que me deixou profundamente feliz, e por um motivo mais que especial: falamos sobre nós, em primeira pessoa, sem vieses, fetichismos ou sensacionalismos que a cisgeneridade sempre tenta nos impor.
Uma fala específica de Symmy me intrigou: "estamos em um lugar específico [no caso, a secretaria de direitos LGBTQIA+], mas as pessoas trans precisam chegar em outras posições de poder". E isto está martelando na minha cabeça desde então. Que lugares podemos e devemos ocupar? Como conseguir acessar e ocupar estas posições de poder?
Recentemente, uma amiga aceitou uma posição de chefia no trabalho dela, e isso me deixou profundamente feliz. Ela estava relutante, porém, lembrei-a de que esse é um reconhecimento e uma possibilidade de validação de toda uma existência.
Involuntariamente, quando nós, pessoas trans, chegamos a uma posição de destaque, não estamos mostrando apenas a nossa competência; representamos toda uma comunidade que clama por respeito. E precisamos apenas de uma oportunidade.
Temos Symmy na secretaria, temos minha amiga numa chefia, e precisamos de mais gente. Onde estão as pessoas trans em cargos públicos de gestão? Onde estão as pessoas trans em cargos de alta administração de grandes empresas? Onde estão as pessoas trans médicas em hospitais de prestígio e mesmo lutando no SUS? Onde estão as pessoas trans nas redações dos grandes veículos de comunicação?
Visibilidade não é apenas em um dia específico que depois todo mundo esquece. Ela vem todos os dias, quando damos espaço para que as pessoas trans mostrem suas capacidades e contem suas histórias por si mesmas, sem intermediários.
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