Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O caso Nikolas Ferreira e suas premissas podres
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A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) abriu um abaixo-assinado (que, no momento em que escrevo, já contabiliza quase 350 mil assinaturas) pela cassação de outro deputado, Nikolas Ferreira (PL-MG), protagonista de uma cena lamentável que reverberou e maculou as comemorações do Dia Internacional da Mulher no nosso vilipendiado Congresso Nacional.
Não vou citar aqui os acontecimentos, por se tratar de tema já sabido e ecoado à exaustão aqui no UOL. As falas transfóbicas desse moleque são sintomáticas de um Brasil ainda dividido entre a reconstrução representada pelos setores progressistas da sociedade e a barbárie representada pelo não-governo que felizmente acabou de direito, mas infelizmente não de fato.
Quem colocou esse cara lá? A eleição de um espécime pavoroso, capaz de, no Dia da Mulher, ofender mulheres num ambiente que deveria ser de respeito, é representativa de uma sociedade ainda apodrecida, que ecoa premissas há muito apodrecidas. Jogar com o medo do estupro que ronda a sociedade, e com outras representações ridículas fomentadas pela extrema-direita, fala mais sobre o que é o homem médio brasileiro, e como ele acha que o mundo parece às premissas podres dele.
Porque o transfóbico e o estuprador bebem da mesma premissa podre: o ódio extremo às representações do feminino. Mesmo ódio que se vê nas falas desses toscos da internet que estão tão populares entre adolescentes possíveis atiradores em massa. Nunca foi sobre a "ameaça trans", conceito tão ridículo quanto a "ameaça comunista"; sempre foi sobre a subjugação do feminino na sociedade.
Afinal, se as pessoas trans fossem tão ameaçadoras assim, não veríamos tantos homens casados traindo suas esposas com travestis, não é? Na cabeça desses homens, a travesti é apenas a consumação de um desejo "sujo", e assim a sociedade também "suja" este sujeito, que tem sim direito à sua autonomia e ao acesso a respeitos básicos.
Enquanto perdemos nosso precioso tempo discutindo essas barbaridades, que deveriam estar nas páginas policiais (tão empenhadas em sujar ainda mais a representação da travesti na sociedade) e não na minha coluna, deixo o questionamento: como fazemos para que este legado de ódio suma do debate público, e assim não precisemos mais ver cenas lamentáveis de moleques que acham que botam um paletó e já são homens?
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