A sexualidade de alguém não justifica homofobia ou transfobia

Um dos retornos que recebi da minha coluna na semana passada foi que eu deveria explorar a pretensa sexualidade das pessoas que citei, no que respondi que isso não importa nada. Ouvi que o "identitarismo", termo tão odioso que nem sei com o que compará-lo, "protege fascistas". Nada mais descolado da realidade.

Primeiro, não faz o mínimo sentido ficar divagando sobre a sexualidade de alguém, porque isso também é uma forma de preconceito, uma mostra de que ser de uma orientação "diversa" é "inferior" e por isso esse fato pode e deve ser jogado na cara da pessoa.

A sexualidade não é uma opção; a homofobia e a transfobia são. A sexualidade não deveria prejudicar o julgamento sobre ninguém; a homofobia e a transfobia sim.

Segundo, ninguém pratica atos homofóbicos e transfóbicos pelo simples fato de não gostar de se olhar no espelho, e sim por ser idiota e não respeitar as várias configurações de pessoa que existem. A pessoa foi tão moldada a acreditar que só se pode ser de um modo que todo o resto não entra em sua cabeça.

E não se precisa estar "no armário" para que isso aconteça. Há pessoas de cuja sexualidade ninguém duvida que falam barbaridades sobre homossexuais e pessoas trans, e nem por isso caímos nesse papo de "identitarismo". Sempre fui muito reticente com pessoas que tentam encontrar traços de homossexualidade em toda e qualquer pessoa que vê, como se isso fosse algum indicador de caráter (ou de sua falta).

Então, se fulano está "no armário" ou não, pouco importa para o debate. O que importa é seu retumbante preconceito e como ele prejudica.