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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Caso Laura Vermont: quando o Estado corrobora a violência da sociedade

Laura Vermont foi morta aos 18 anos após ser espancada por cinco homens na zona leste de São Paulo em 2015 - Arquivo pessoal
Laura Vermont foi morta aos 18 anos após ser espancada por cinco homens na zona leste de São Paulo em 2015 Imagem: Arquivo pessoal

16/05/2023 06h00

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Sabe quando a realidade mostra que não vale a pena ficar falando sobre assuntos triviais? Poderia falar sobre o pastiche que foi a final do festival Eurovision, ou sobre o aniversário da Laura Pausini. Mas nada disso importa. Esta semana, mais um tapa na nossa cara me mostrou isso.

Toda a história do julgamento dos acusados pelo assassinato de Laura Vermont (que não repisarei aqui, vocês são inteligentes e podem procurar na internet) é vergonhosa e mostra algo típico da sociedade brasileira: a execração da figura do feminino e a certeza de que não há amparo de nenhuma entidade do Estado às pessoas trans.

Ao ler como tudo se passou (à época não acompanhei, porque todo esse contínuo de ódio e morte me traz apenas dor), só tive raiva e gatilhos de medo. Porque tudo aquilo poderia ter acontecido comigo ou com tantas outras pessoas mais desamparadas de tudo. E ninguém vai fazer nada, porque essa cultura de ódio que vem desde antes do domínio do ódio corrobora a violência contra as pessoas divergentes da cisnorma.

A família de Laura recorrerá da sentença, e espero que tenha êxito, ainda que minhas esperanças sejam poucas. A nós, resta nos protegermos porque ninguém nos defenderá e pouquíssimas pessoas chorarão por nós.