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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Feira da Diversidade LGBTQIA+: o 'pink money' deve circular de nós para nós

A Feira da Diversidade de 2022 - Rovena Rosa/Agência Brasil
A Feira da Diversidade de 2022 Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Colunista de Ecoa

09/06/2023 08h16

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Ontem fui à Feira da Diversidade LGBTQIA+ aqui em São Paulo, para achar um bom tema para minha coluna. Muita gente, aquele sol lindo e escaldante, surpreendente para os dias frios que chegaram na cidade, muita gente expondo sua "arte", por assim dizer. E é sobre ela que eu preciso falar.

Importante a presença de órgãos públicos, como a prefeitura, que fez testagem de IST, e o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, que realizou uma roda de conversa sobre empregabilidade; de organismos internacionais como a Unaids e a Acnur; e de ONGs tradicionais como as Mães pela Diversidade, que fazem um trabalho lindo de conscientização pela aceitação de filhos LGBTQIA+.

Entre os expositores, as já tradicionais grandes corporações que patrocinam o evento. Mas queria falar do grande número de pequenos empreendedores (LGBTQIA+ ou aliados) que estavam ali, vendendo de livros a sabonetes, de chaveiros a caricaturas, de roupas a artigos de sex shop... Todos convivendo muito bem num clima muito agradável.

Num país em que o pequeno empreendedor ainda pena para conseguir se manter no final do mês (e isso é mais de uma pessoa que me fala), quase sempre por falta de acesso fácil ao crédito, deveríamos prestar mais atenção em circular o dinheiro entre nós, pessoas LGBTQIA+.

De nós para nós, e não só nas empresas interessadas no "pink money", mas que não têm ações realmente efetivas pela inclusão LGBTQIA+ no resto do ano. Um verdadeiro ecossistema de economia LGBTQIA+ que deveria nos dar mais respaldo para o empoderamento e para a transformação de nossas vidas. Acabo de ler que o "pink money" representa 7% do PIB brasileiro, ou seja, a gente move boa parte da economia nacional, e é importante que esse dinheiro todo financie o respeito com os nossos e iniciativas de empoderamento real.

Iniciativas interessantes como "classificados LGBTQIA+" aproximam esse ecossistema e criam esse círculo virtuoso de transformação: pessoas LGBTQIA+ que empreendem e geram emprego para pessoas LGBTQIA+ que oferecem produtos e serviços para outras pessoas LGBTQIA+, fazendo o dinheiro circular entre a gente.

Lembro também que uma vez sugeri em alguma conferência LGBTQIA+ (saudades delas, aliás) que deveríamos lutar pela implantação de uma plataforma de empreendedorismo LGBTQIA+, com apoio governamental em forma de microcrédito, para garantir esse ecossistema virtuoso. Quem sabe isso um dia não vire realidade e a feira do ano que vem esteja mais cheia de gente oferecendo mais coisas legais... Veremos!