Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Barbie médica: qual é o recado?
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Eu acreditei que não iria comentar sobre o frisson do momento: o filme da Barbie. Primeiro, porque não tenho interesse de assisti-lo; a boneca Barbie nunca fez parte de minha formação de base e assim não nutro por ela nenhum sentimento. Segundo porque já tem muita gente fazendo mil análises e qualquer coisa que falasse sobre o filme seria chover no molhado. Mas por um acaso, veio algo para falar.
Nos meus grupos, fui informada de que uma das várias Barbies do filme é a atriz trans Hari Nef, que interpreta, para meu total espanto, a Barbie médica. E pensei, de que forma toda essa simbologia poderia ser tratada aqui na coluna?
Mesmo não tendo amores pela Barbie, não sou idiota de não saber que a boneca é uma referência para muitas crianças, inclusive crianças "viadas" e mesmo crianças trans (sim, elas existem, não são invenção). Pode não ser a referência da mulher empoderada que a militância tanto valoriza, mas ainda assim uma referência de feminilidade.
Há muitas polêmicas envolvendo a figura de Barbie, desde a discussão sobre os padrões de beleza, afinal, ela é uma boneca branca, loira e magra, e mesmo sobre o seu papel na sociedade capitalista, afinal, o que faz mesmo a Barbie para ter sua vidinha para muitos fútil?
E eis que entra a questão da Barbie médica. Uma profissão de prestígio em forma de boneca. E chamam uma pessoa trans para interpretá-la no live action! Qual o recado que pretende ser dado aqui? Talvez o de que só precisamos de um empurrãozinho para sermos o que quisermos?
A Barbie médica infelizmente me traz muitos gatilhos, porque lembra de minha relação conflituosa com a classe médica, que salvo belas e cada vez menos raras exceções, destrata, desumaniza e humilha as pessoas trans sob o manto da ciência, ou melhor, do cientificismo.
Talvez uma Barbie médica trans possa servir de exemplo para as "Barbies médicas" da vida real, que sofrem em cursos de medicina ainda despreparados para a realidade trans, ou mesmo para toda a realidade da vida humana. Tendo um referencial mais próximo de si, talvez a trajetória dessas pessoas seja mais cor-de-rosa.
A propósito, estou adorando as reações ao filme das pessoas conservadoras, que estão falando absurdos. Quando elas estão incomodadas, é sinal de que o filme atingiu seu objetivo: fazer pensar e fazer incomodar.
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