Envelhecimento traz perda de olfato, aponta estudo inédito do Boticário
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O Centro de Pesquisa do Olfato do Grupo Boticário, hub multidisciplinar dedicado a pesquisar e difundir o conhecimento sobre o tema, divulgou um estudo recente que demonstra as mudanças significativas de percepção de olfato causadas pelo processo natural de envelhecimento - e como a perda deste sentido pode ser surpreendente para pessoas a partir dos 60 anos. A pele pode estar entre as causas destas alterações.
"Receptores olfativos encontrados no nariz também estão presentes nas células da pele humana. Uma molécula olfativa que chega na nossa pele é capaz de estimular diversas reações no organismo, até mesmo a produção de colágeno", afirma Gustavo Dieamant, diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Boticário.
No estudo intitulado Smell & Diversity: Olfactory Loss in Aging Differences & Opportunities in Market Innovation (em tradução livre: Cheiro e Diversidade: Perda Olfativa no Envelhecimento e Oportunidades de Inovação de Mercado), apresentado neste mês no World Perfumery Congress (WPC), em Genebra, os especialistas apontaram que existe uma diversidade sensorial ao longo da vida. Ou seja: o mesmo cheiro que sentimos na infância não terá a mesma intensidade aos 70 anos de idade, por exemplo.
Dieamant relaciona esta perda ao envelhecimento da nossa pele. "Crianças têm uma renovação celular muito rápida, que acontece em cerca de 20 dias. Aos 50 anos, essa renovação se dá a cada 40 dias. Cada vez mais, células mortas vão ficando na pele, produzindo um odor característico, fruto do apodrecimento celular. Isso muda a percepção olfativa do indivíduo e faz com que a intensidade dos perfumes diminua. Por isso é comum ele deixar de usar o perfume que tanto gostava, alegando que está mais fraco e a fórmula mudou".
O consumidor mais jovem, segundo ele, que tinha preferência por notas cítricas e frescas, com o passar dos anos, começa a rejeitar estes aromas, acreditando que eles não têm mais o mesmo poder de fixação. A preferência passa para odores mais fortes, que mascaram cheiros ruins, como florais brancos, rosas e notas amadeiradas, no caso dos homens.
O poder da economia prateada
A chamada economia prateada, ou seja, tudo que é consumido por pessoas com 50 anos ou mais é um segmento econômico que movimenta R$2 trilhões ao ano no Brasil e vem crescendo cada vez mais. O trabalho divulgado pelo Centro de Pesquisa do Olfato do Grupo Boticário tem este público consumidor no radar.
De acordo com Dieamant, para o negócio, uma pesquisa como esta pode servir de orientação não apenas para a fabricação de fragrâncias como também para a forma de oferecer os melhores produtos para este consumidor. "Os resultados nos ajudam a apresentar produtos que vão agradar consumidores mais maduros, mostrar que as fórmulas não mudaram, por exemplo", diz o executivo.
Ele explica que o interesse do Grupo Boticário de estudar mais a fundo a anosmia (diminuição ou perda absoluta do olfato) se intensificou no pós-pandemia quando muitas pessoas passaram a relatar a doença como sequela da Covid-19. "Ainda há poucos estudos sobre o assunto, por isso queremos compartilhar o conhecimento para que seja usado não apenas pela ciência como também pelos negócios. Boa parte da população pode ter algum nível de anosmia e não sabe. Eu, por exemplo, descobri que sou anósmico para musk", contou.
Fundado em 2021, o Centro de Pesquisa do Olfato reúne pesquisadores, médicos, especialistas em neurociência, em perfumaria e comportamento humano. O hub possui, no momento, diversos projetos de pesquisa em andamento, entre eles um estudo da relação do olfato feminino e o uso de contraceptivos orais, previsto para ser finalizado no segundo semestre deste ano.
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