Mariana Sgarioni

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Empresa aposta em técnica inovadora de cultivo de hortaliças em piscinas

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O planeta tem hoje mais de 8 bilhões de pessoas para serem alimentadas - um número que só tende a crescer. Encontrar espaço para plantar tanta comida vai exigir cada vez mais criatividade. A Verdureira, empresa de saladas prontas para o consumo, decidiu apostar em uma técnica inovadora: o DWC (Deep Water Culture), mais conhecido no Brasil como "floating". Trata-se do cultivo de hortaliças em piscinas com cerca de 20 centímetros de profundidade, onde uma variedade de alface, chicória, rúcula e agrião são plantados em placas que ficam flutuando sobre a água misturada a uma solução nutritiva.

Pioneira neste tipo de cultivo em grande escala no país, a Verdureira produz cerca de 39 toneladas de hortaliças por mês, em 16 piscinas em suas fazendas situadas em São Roque (SP). "Parece contraditório, mas cultivar em piscinas economiza água. O solo demanda irrigação, fertilização e nutrição. Tudo pede água. Já nesta técnica, derivada da hidroponia, a mesma água circula o tempo todo. Ela alimenta as plantas e volta para a caixa. Não há descarte. Consumimos apenas 1% de água utilizada no cultivo convencional e a produtividade é 12,5 vezes maior", explica Ari Rocha, CEO da Verdureira. Segundo Rocha, a técnica é cerca de 30% mais barata que a hidroponia tradicional e tem aproveitamento de 100% dos vegetais, zerando o desperdício.

O executivo conta que conheceu a hidroponia em 2020, na Gothan Greens, empresa norte-americana de agricultura urbana, que planta hortaliças em rooftops de Manhattan. A Verdureira cresceu e percebeu que precisaria ampliar suas estruturas. Foi quando conheceu o DWC, na Holanda. "No floating, as plantas ficam imersas até a raiz e retiram da água tudo o que elas precisam para se desenvolver. É uma navegação: se a planta tem um ciclo de 30 dias para se desenvolver, ela navega até chegar em outra borda para a colheita", diz.

Na solução nutritiva das piscinas, onde as hortaliças crescem, são injetadas nanobolhas de oxigênio que favorecem a saúde do líquido. "Com isso, aumentamos a capacidade de oxigenação na solução por mais tempo, o que evita o desperdício. O oxigênio também atua como um sanitizante, criando um ambiente menos favorável para o aparecimento de pragas", explica. "Ser sustentável, para a Verdureira, é uma questão de sobrevivência do negócio".

A empresa recebeu um aporte recente de R$ 10,3 milhões, injetados pelo fundo Baraúna Investimentos, e estima que terá um aumento de faturamento de 45% em 2024.

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