Startup ensina como economizar dinheiro observando o próprio lixo
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As Nações Unidas concluíram neste ano que mais de 1 bilhão de refeições são desperdiçadas no mundo inteiro todos os dias. Em 2022, as famílias desperdiçaram 631 milhões de toneladas de alimentos - 60% do total - e o setor de serviços de alimentação foi responsável por 28% deste desperdício. É muita comida que vai para o lixo. Além de ser um paradoxo em um mundo onde 800 milhões de pessoas passam fome, isso significa literalmente dinheiro jogado fora.
É o que diz Andrea Lehner, fundador da Realixo, startup de coleta seletiva que recolhe e composta o lixo de residências, restaurantes e eventos, fazendo com que estes resíduos orgânicos se transformem em adubos nas hortas urbanas da cidade de São Paulo, e encaminhado o restante para cooperativas de reciclagem.
O que Lehner tem demonstrado nos últimos meses é que a simples observação do lixo - a partir da coleta adequada - tem feito com que clientes economizem dinheiro. E não é pouco. Um exemplo, segundo ele, foi uma rede de três restaurantes que passou a contar com o serviço de coleta seletiva e, em dois meses, registrou uma queda de 17% no desperdício de alimentos.
"Inicialmente, os três restaurantes geravam, em média, 229 gramas de resíduos orgânicos (restos de comida) por cliente. Depois de 2 meses, passaram a gerar 189 gramas por cliente. A redução foi de 40 gramas por pessoa. Considerando um valor dos resíduos de comida de R$ 15 por quilo (incluindo a matéria-prima, o custo de mão-de-obra, energia etc.) e o número de clientes servidos semanalmente, o valor economizado ficou em cerca de R$ 15 mil por mês", calcula.
Lehner veio da Itália para o Brasil na época da pandemia de Covid-19, como turista, e acabou se estabelecendo por aqui. Economista, ex-colaborador do Greenpeace, abraçou a causa da redução do lixo e passou a investir no setor como uma verdadeira saída para o controle das mudanças climáticas e do aquecimento global. Segundo ele, o objetivo dos estabelecimentos do setor de alimentação ao dar um destino correto ao próprio lixo é mais do que ambiental: eles querem reduzir o desperdício. "Estão descobrindo que compostar é um bom negócio", diz.
Mas de que forma é possível fazer esta redução? Lehner ensina, em primeiro lugar, a observar e pesar o próprio lixo, "como se faz em filmes policiais". Uma investigação mesmo. Quanto mais pesado, mais alimentos estão sendo jogados fora. "Um item a ser observado é o tamanho das cascas de frutas e legumes. Quando elas estão muito grandes é porque boa parte do vegetal está sendo jogado fora sem necessidade. Detectamos que, em geral, uma fruta é 50% desperdiçada", explica.
Ele chama a atenção ainda para restaurantes que servem comida a quilo ou buffet. Estes acabam sempre preparando mais comida do que o necessário - e jogando muita coisa fora. "É importante repensar o modelo de negócios para as novas economias que despontam. Jogar alimentos no lixo custa caro demais para o planeta e para os bolsos dos empresários. Não vale a pena".
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