Mariana Sgarioni

Mariana Sgarioni

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

"É a mulher que leva o alimento para casa", diz diretora da Pluxee

Esta reportagem faz parte da newsletter "Negócios Sustentáveis". Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email toda segunda-feira.

No ano passado, cerca de 9 milhões de pessoas estavam em estado grave de insegurança alimentar no Brasil. Em outras palavras: essas pessoas estavam literalmente passando fome.

Este dado é mais do que impressionante: é suficiente para trazer a questão para o centro das iniciativas de uma das maiores marcas de vale-alimentação do país. A Sodexo Benefícios e Incentivos, que, no ano passado, mudou sua marca para Pluxee, é uma empresa que está em 31 países e começou em 1962, quando seu criador, o francês Pierre Bellon, abriu um pequeno negócio de entrega de refeições pensando justamente nas pessoas que passavam por dificuldades. "Nosso foco sempre foi qualidade de vida. E não existe essa qualidade sem alimentação", afirma Fabiana Galetol, diretora executiva de pessoas e responsabilidade social corporativa da Pluxee.

De acordo com Fabiana, a empresa foca na inclusão produtiva e na capacitação de jovens - principalmente de mulheres. "Investimos no empreendedorismo feminino porque são as mulheres que sustentam a casa, muitas vezes fazendo pequenos trabalhos informais. A ideia é capacitar essas mulheres principalmente no ramo da alimentação e depois investir para que elas possam começar seu próprio negócio e seguir em frente", afirma.

A Pluxee tem hoje uma rede credenciada com mais de 740 mil estabelecimentos e mais de 7,1 milhões de consumidores no país. A executiva conta, na entrevista a seguir, de que forma a empresa investe não apenas na distribuição de refeições em todo o país, mas também no combate ao desperdício e, principalmente, na possibilidade de pessoas em vulnerabilidade poderem manter seu sustento - incentivando os outros a fazerem o mesmo. "É muita gente precisando de ajuda. A inclusão produtiva precisa fazer parte da missão de cada um, não apenas da Pluxee", ressalta.

***

Ecoa: Por que a empresa acredita ser mais eficaz investir nas mulheres quando se fala de insegurança alimentar?

Fabiana Galetol: Em primeiro lugar, é importante falar sobre alimentação. O combate à fome já veio no DNA da Pluxee, quando ainda era Sodexo, e seu fundador pensava de que forma poderia distribuir melhor as refeições para quem mais precisava na França da década de 1960. De lá para cá nosso foco não mudou. Somos uma empresa de benefícios que recebeu este legado. No Brasil, temos uma população imensa que, quando almoça, não sabe se vai jantar. Trata-se de um estado de insegurança alimentar de milhões de pessoas. A maior parte dos lares que convivem com esta insegurança é chefiado por mulheres. O fenômeno pode ser explicado tanto pela diferença salarial, pela falta de oportunidades, de ganhos no mercado, assim como pelo alto número de mães solo no país.

Ecoa: Qual a estratégia da Pluxee para atuar junto a este recorte social?

Continua após a publicidade

Fabiana Galetol: Sabemos que há muitas batalhas quando a gente fala em alimentação no Brasil. Escolhemos nossos focos: capacitação e educação. Tudo isso voltado ao empreendedorismo. Não adianta apenas colocar a comida no prato e oferecer a subsistência - isso também é importante, mas não se sustenta a longo prazo. Preparamos a base para que esta mulher possa ser capacitada a levar seu negócio adiante, incluindo um capital inicial para este negócio. Já tivemos quase 16 milhões doados desde 2015.

Ecoa: A empresa atua em diversos países. Qual a particularidade de impactar este segmento no Brasil?

Fabiana Galetol: Existem realidades semelhantes nos países da América Latina. Porém, o Brasil é muito grande e vai além da fome. Quando pensamos em projetos, pensamos na diversidade e na equidade: levamos em conta que 56% da nossa população é formada por pessoas negras, por exemplo, e que muitas delas estão fora do mercado de trabalho por falta de oportunidades. Esta é uma dor brasileira. Então, entendemos que é preciso olhar além da fome e sim para a inclusão produtiva. Não basta entregar uma marmita, temos que sustentar este alimento para as próximas gerações. Isso é sustentabilidade.

Ecoa: A sustentabilidade não é apenas ambiental.

Fabiana Galetol: A parte ambiental é importantíssima. Temos metas claras de redução de carbono, entre outras estratégias. Porém, quando falamos do pilar S, tudo é mais complexo, pois requer um ecossistema envolvido. Além dos nossos próprios projetos, precisamos ser também influenciadores para puxar nossos parceiros e clientes a fazerem o mesmo. São várias frentes de trabalho. Inclusive a economia circular: as mulheres beneficiadas por nossos programas prosperam e voltam para se tornarem nossas fornecedoras.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes