Mariana Sgarioni

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Reportagem

Empresas unem forças para zerar greenwashing em mercado de carbono

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Como investir em créditos de carbono e projetos socioambientais sem correr o risco de cair no greenwashing? O Brasil ainda não conta com um sistema regulatório robusto e, por isso, o mercado está inseguro. As empresas de investimentos Pachamama e Greener decidiram juntar tecnologias e expertises para oferecer garantia de idoneidade com um sistema de blockchain especialmente pensado para impedir qualquer possibilidade de greenwashing.

O primeiro passo é a tokenização de ativos ambientais. Isso ocorre com o registro de toneladas de carbono de forma numerada e individualizada. Esse processo acontece em uma plataforma de gerenciamento de ativos digitais especializada em desenvolver soluções em blockchain. Quando uma empresa solicita a compra ou compensação desses ativos, é implementada uma segunda camada de segurança, chamada de "burn", ou queima, na rede blockchain. Essa é a chamada dupla tokenização. Ao adicionar uma camada adicional de segurança, a operação gera um certificado digital que carrega todas as informações desde o início do projeto, incluindo o comprador, auditorias, certificações, ano/safra, e os detalhes dos tokens adquiridos e removidos da rede.

"Isso torna impossível qualquer possibilidade de dupla venda. Estes ativos chegam ao mercado financeiro de capitais com número de série como se fosse um chassi de carro. E não há como existir números diferentes. Todo o sistema foi montado para tornar o greenwashing inviável: desde a metodologia exclusiva específica ao solo brasileiro criada pela Unesp até a validação pela KPMG", explica Claudio Olimpio, CEO e cofundador da Greener. Entre os clientes da empresa está a Fórmula 1, que adquiriu recentemente 50 mil toneladas de carbono.

Segundo João Marcello Gomes Pinto, sócio da Pachamama, junto com o ator Bruno Gagliasso e Rodrigo Rivelino, acredita que o mercado está num momento de separar o joio do trigo. "Precisamos conversar com a Faria Lima. As empresas já entenderam que devem investir em projetos socioambientais, mas querem saber direito onde estão colocando seu dinheiro. Portanto, é fundamental transparência e governança sólida", afirma o executivo, que aposta em projetos que aumentem serviços ecossistêmicos, principalmente na floresta de pé. "Mostramos quais ativos existem e como faz sentido as empresas investirem nestes ativos. Não se trata de uma commodity. Hoje há empresas sérias querendo reduzir seus impactos, sabem que precisam ir além, mas não conseguem. É preciso um instrumento para que as empresas possam investir de maneira segura na conservação da floresta e biodiversidade", completa.

Reportagem

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