Mariana Sgarioni

Mariana Sgarioni

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Crianças podem aprender ESG na escola?

Esta reportagem faz parte da newsletter "Negócios Sustentáveis". Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email toda segunda-feira.

Sustentabilidade, justiça ambiental, equidade, diversidade. O mundo se depara com estas emergências e os currículos escolares precisam dar conta de como vão preparar as futuras gerações, que estarão no mercado de trabalho, para lidarem com estes temas. As questões ambientais, sociais e de governança, o chamado ESG, em pouco tempo já farão parte de todas as organizações, incluindo as governamentais. E será preciso preparar profissionais para esta realidade.

É o que acredita Karin Bruning, idealizadora do Play Recycling, um programa pedagógico inédito no Brasil, que leva conhecimentos e habilidades sobre assuntos sociais e ambientais a crianças a partir dos 3 anos de idade. Atualmente, o sistema está em implementação em 10 escolas particulares espalhadas no Brasil e na rede pública do município de Campos do Jordão (SP).

O método oferece aos educadores planos de aulas detalhados divididos em
seis semestres, cada um dedicado a um tema específico. A ideia é trazer o
conhecimento ESG desde cedo aos pequenos, para que compreendam a interconectividade dos sistemas ecológicos, sociais e econômicos. São abordados temas como consumo consciente, relacionamento interpessoal e responsabilidade social.

"A criança pequena é uma esponja, ela absorve rapidamente tudo o que aprende. As informações chegam de forma leve, como um jogo, para que os alunos não se sintam culpados pelos problemas que existem no planeta, pelo contrário. A ideia é que tenham a autoconfiança de saber que, se agirem em conjunto, serão capazes de resolver os desafios que terão pela frente", diz Karin.

Segundo ela, a mentalidade ESG é de cooperação. E isto deve ser passado às crianças desde muito cedo. A sustentabilidade nos negócios permeia toda a grade do programa que traça a educação ambiental. E como isso acontece na prática da sala de aula? Impasses ou situações são colocadas para os alunos resolverem da melhor forma possível.

"Por exemplo: uma empresa hipotética precisa de sustentabilidade financeira. Existem parceiros com quem ela pode fazer negócio - entretanto, há formas de efetuar este negócio. Propomos jogos em que a criança escolhe obter sucesso trapaceando - ou não. Se ela trapacear, a professora vai analisar a situação e mostrar que a brincadeira não vai continuar. Portanto, isso não deve ser feito. Estes conceitos são longos e devem ser introjetados, pois o ESG passa pela ética. Tem aquela velha máxima: não faça com os outros o que não quer para você. Porque essa situação não se sustenta. Nem numa empresa, nem na vida", explica Karin.

A educadora conta que professores recebem um plano de aula pronto com um material de apoio mais denso que pode ou não ser usado. Segundo ela, é preciso oferecer suporte para que este ensino seja levado adiante.

A Política Nacional de Educação Ambiental foi iniciada no Brasil em 1999, quando meio ambiente passou a ser um tema transversal obrigatório dos currículos escolares. Porém, ainda existe o grande desafio de qualificar os professores que, na maioria das vezes, não recebem treinamento adequado.

Continua após a publicidade

Muitas escolas ainda acreditam que a educação para o meio ambiente se resume a ensinar os alunos a plantarem temperos em hortas. "Educação ambiental é muito mais do que isso. É tratar desde a mudança de mentalidade da fórmula da exploração desenfreada, até o lixo espacial, por exemplo. E a criança é multiplicadora: ela aprende aqui e repassa o conhecimento para a família", completa Karin.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.