Filtros portáteis levam água potável às áreas mais remotas do mundo
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Há um ponto que une Ucrânia, Haiti, Faixa de Gaza, Síria e Amazônia: a falta de acesso à água potável. Para ajudar a minimizar uma questão de sobrevivência, todos estes lugares já receberam purificadores de água portáteis da PWTech, uma solução brasileira, desenvolvida na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. Os aparelhos já estão presentes em 20 países e a startup agora acaba de firmar um contrato de longo prazo com as Nações Unidas para enviar o equipamento com mais rapidez em projetos de ajuda humanitária.
O filtro, chamado PW5600, é composto por um sistema de purificação de água portátil e trabalha com diferentes fontes de energia. Ele mede menos de 1 metro de largura, tem 43 centímetros de altura, e aproximadamente 18 quilos. Com capacidade de filtrar, por dia, de 5 a 10 mil litros de água doce contaminada de rios, poços, lagos e cisternas, ele tem a facilidade de caber no porta-malas de um carro.
"Trata-se de uma micro estação de tratamento. A água passa primeiro por uma cloração com pastilhas. Depois, por um filtro que tira a sujeira grossa e a mais fina. Em seguida, entra uma membrana que filtra microrganismos, como vírus e bactérias. Estes filtros são os mesmos usados nas máquinas de diálise dos hospitais, ou seja, não permitem a passagem de microorganismos", explica Fernando Marcos Silva, CEO da PWTech.
Os purificadores da PWTech ficaram conhecidos no Brasil após as enchentes no Rio Grande do Sul, quando foram enviados mais de 200 aparelhos à região, com capacidade de atender mais de 1 milhão de pessoas. De acordo com Silva, somente no Brasil, a empresa fornece mais de 1 bilhão de litros de água em diversas áreas sem acesso.
"O grande problema são os lugares que possuem recursos hídricos, porém não tem água potável. Na Amazônia, região que detém 20% da água doce do mundo, temos mais de 100 purificadores. Nestas áreas, boa parte das pessoas possuem placas voltaicas e conectividade - porém não tem nada de água para beber", comenta.
No Brasil existem hoje cerca de 35 milhões de pessoas sem acesso à água potável - deste total, 20 milhões estão na região do semiárido brasileiro. De acordo com Silva, para chegar a esta população, é importante entender o caminho que a água percorre e de que forma ela vai alcançar mais rapidamente quem precisa. Hospitais, postos de saúde e escolas são os lugares mais adequados para levar o equipamento.
"Existem mais de 9 mil escolas no país sem água para beber. Ao levar purificadores para estas escolas, é possível também diminuir a evasão escolar, pois em geral quem vai buscar a água para a família em lugares distantes são as crianças. Com isso, perdem aulas. Os benefícios do purificador são multiplicados quando a escola serve como uma base de distribuição", diz o executivo, ao citar o projeto da startup chamado Água Boa nas Escolas, que conta com a parceria do poder público e do setor privado que pretende causar um impacto positivo na região em que atua.
O executivo relata ainda que a empresa acaba de doar purificadores para equipes do Ibama que combatem os incêndios sem precedentes que acontecem no Pantanal e na região Amazônica. "Os purificadores garantem água potável e são um apoio crucial para as operações em campo, onde as condições de infraestrutura são desafiadoras. A água disponível para nossos brigadistas beberem aqui não é muito diferente da água da Faixa de Gaza."
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