Mariana Sgarioni

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Além da caridade: voluntariado empresarial se torna estratégia ESG

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No dia 28 de agosto, em que o país comemora o Dia Nacional do Voluntariado, o aumento do número de ações sociais promovidas pelas organizações - assim como o engajamento dos colaboradores - chama a atenção. Mais do que ações isoladas estimuladas apenas pela solidariedade, o voluntariado corporativo se estruturou e hoje é considerado uma das principais ferramentas de negócios atreladas ao ESG das companhias.

De acordo com o último levantamento realizado pelo CBVE (Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial), os programas de voluntariado nas empresas aumentaram 35% desde 2021. Segundo Gislaine Catanzaro, coordenadora da Secretaria Executiva do CBVE, 100% das empresas associadas possuem hoje um orçamento dedicado ao voluntariado e estas iniciativas mobilizam pelo menos 20% do quadro de colaboradores. Entre 2021 e 2023 o investimento total destas empresas foi de cerca de R$ 16 milhões.

Criado há 16 anos, o CBVE reúne 28 grandes empresas do país. A pesquisa mostra que 77,8% das associadas afirmaram que as altas lideranças, como gerentes, diretores, presidentes, estão presentes nas ações de voluntariado - 16,7% relataram uma participação ainda mais relevante desses líderes.

"Houve uma virada de chave: antigamente, o voluntariado empresarial vinha da benevolência, do trabalho de primeiras-damas, de questões ligadas à caridade, ou religiosas. Hoje ele ganhou um posicionamento perante à sociedade, está estruturado, é percebido pelas lideranças, e está alinhado aos objetivos estratégicos do negócio da empresa", afirma. Segundo ela, com advocacy, o voluntariado empresarial foi inserido dentro de dois Indicadores Ethos de ESG, reconhecida ferramenta de gestão fornecida pelo instituto de mesmo nome.

As iniciativas sociais promovidas pelas empresas são usadas na maioria das vezes como uma forma de inserção no entorno em que atuam. Isso acaba facilitando diversos trâmites, como, por exemplo, a expedição de licenças para operar em determinadas regiões. "O voluntariado é como um embaixador, ele entende o entorno, e tem como objetivo atuar na diminuição das desigualdades nestes territórios. Então, é também uma ferramenta de diálogo com a comunidade onde a empresa está inserida. A comunidade entende que esta companhia é uma aliada", observa Gislaine.

A executiva pontua, no entanto, que o Brasil engatinha quando comparado ao voluntariado internacional e carece de investimentos mais robustos. "Percebemos que ainda existem empresas com diversas limitações e resistências das lideranças", comenta. Segundo ela, a maioria dos investimentos hoje está direcionado a programas voltados à juventude em vulnerabilidade e às mulheres.

Todos os anos, o CBVE oferece o Prêmio Aplaude - Ações Voluntárias que Transformam, que visa reconhecer programas das empresas como um conjunto de ações estruturadas, alinhadas aos objetivos estratégicos e propósito, com um planejamento que inclui começo, meio e fim, incluindo um processo de mensuração de resultados. As finalistas deste ano são Fundação Telefonica Vivo, Instituto C&A e Instituto Sicoob.

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