Mariana Sgarioni

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Baterias de sódio armazenam energia em projeto inédito na Amazônia

O sódio, este elemento que está presente até mesmo no sal da nossa mesa, provou que é capaz de ir ainda mais longe. Ele pode guardar energia. A UCB Power lançou neste mês o primeiro projeto a utilizar baterias de sódio para o armazenamento de energia captada por placas solares em uma comunidade remota na Amazônia.

O projeto prevê a instalação de 16 baterias de sódio, de 48 volts e 50 amperes, capazes de armazenar o equivalente da 38,4 kw/h. Por enquanto, isso ajudará a garantir energia para uma escola municipal, um posto de saúde e áreas comunitárias de lazer que atendem as cerca de 30 famílias que vivem na comunidade de Tumbira, localizada no município de Iranduba, Amazonas, a cerca de duas horas de barco de Manaus.

Um dos principais desafios nas áreas remotas da Amazônia é o armazenamento de energia. Placas solares têm se mostrado eficazes no fornecimento - porém, o abastecimento nem sempre é estável e contínuo, principalmente durante a noite. Para manter a continuidade é preciso de baterias que guardam a energia captada enquanto o sol está brilhando forte no céu.

Desde 2019, a UCB Power leva baterias de lítio para exercer esta função na Amazônia. O lítio, apesar de eficaz e aparentemente mais duradouro, compõe uma bateria mais pesada, de mais alta densidade. Já o sódio é abundante, tem custo mais baixo, um processo industrial mais simples, e torna mais fácil a reciclagem das baterias e seu descarte, pois o elemento é totalmente absorvido pela natureza.

"As baterias estão para a transição energética assim como os celulares foram importantes para a telefonia. Elas vão mudar o jogo. Existem diversos tipos de baterias que utilizam vários componentes. O sódio é uma tecnologia em estudo que tem o potencial de substituir o chumbo no futuro", explica Leonardo Lins do Carmo, diretor de marketing e negócios da UCB Power. Segundo o executivo, as baterias de sódio têm custo de 30% mais baixo quando comparadas ao lítio - que segue sendo utilizado.

"O sódio é mais uma alternativa, que vai andar em conjunto com o lítio, que é seguro e tem capacidade de suportar cerca de 6.000 ciclos, aguentando altas temperaturas. Em Tumbira, vamos substituir o lítio pelo sódio para entendermos se haverá a mesma performance", diz.

As análises das baterias de sódio na comunidade devem durar de 6 a 12 meses. Empresas como a KTM, Samsumg e Volkswagen também estão testando o uso da alternativa em seus equipamentos.

De acordo com Lins do Carmo, a empresa optou por levar a inovação para Tumbira por uma demanda social e econômica local. Somente na área da Amazônia Legal existem hoje 1 milhão de pessoas sem energia - e isso significa falta de acesso a serviços básicos.

"Muitas famílias gastam chegam a gastar até R$ 100 por semana para ter de 4 a 6 horas de energia por dia. Estas pessoas precisam ocupar o espaço delas ali e não serem obrigadas a sair porque não tem energia. É importante levar uma solução que, além de ser sustentável, melhora a economia da família e de todo o local. A energia é habilitadora", conclui.

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