Bike Itaú: maior projeto de mobilidade do país muda cenário urbano
Há 13 anos, Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco, tinha um sonho: colocar de pé um projeto de fôlego que impactasse as cidades de forma positiva. A escolha por espalhar bicicletas nos centros urbanos foi minuciosa e parecia, no início, despretensiosa. Porém, deu tão certo que cresceu vertiginosamente: as bicicletas se multiplicaram como gremlins, coloriram as cidades de laranja, ajudaram a reduzir as emissões de gases poluentes, e fizeram com que o Bike Itaú se consagrasse como o maior projeto de mobilidade urbana do país.
Na entrevista a seguir, a executiva conta mais sobre o processo de criação e expansão das "laranjinhas", como o banco tem mergulhado de cabeça na mobilidade, e por que o radar da organização agora anda voltado aos biocombustíveis.
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Ecoa: Por que o Itaú Unibanco decidiu apostar em mobilidade urbana?
Luciana Nicola: Somos um banco predominantemente presente no território urbano. Então pensamos em contribuir mais no dia a dia das pessoas dentro deste território, impactando positivamente os grandes centros urbanos. Há 13 anos, estudávamos muito cidades sustentáveis e percebemos que a mobilidade urbana já era um gargalo importante. E aqui existiam vários pontos: o caos do trânsito, a poluição. A dinâmica do transporte público e seus incentivos foi o que me chamou mais a atenção.
Ecoa: Quais foram as suas referências para chegar ao Bike Itaú?
Luciana Nicola: Fui fazer um benchmarking internacional para entender como grandes centros urbanos em outros países funcionavam. Na China, por exemplo, existia toda uma cultura da cidade tomada por ciclovias e ciclofaixas. A Alemanha usava muito o conceito da bicicleta para a mobilidade urbana desde a primeira infância, como formação do cidadão mesmo, como política pública. Chegamos no Brasil e voltamos os olhos para o Rio de Janeiro, onde já tem uma malha cicloviária importante e o carioca tem uma cultura de bicicleta.
Ecoa: Dentro dos transportes, o Itaú Unibanco tem mirado os biocombustíveis também.
Luciana Nicola: Sim. O Brasil tem um potencial muito grande que é o etanol. Se você trocar a gasolina comum do seu carro pelo etanol, já reduz 93% as emissões do seu carro. Então estamos vendo com as montadoras para entender quais são os planos e as alternativas. E mais: como será a transição justa neste setor? Como ela vai chegar nas pessoas que não tem acesso? Existem grandes e pequenas oficinas: como será a qualificação de mão de obra para esta tecnologia de carros elétricos e novos combustíveis? Quando eu falo de descarbonização do Itaú estou vendo todo um ecossistema, toda uma cadeia.
Ecoa: Você acredita que o engajamento da cadeia pode aumentar com a proximidade da COP no Brasil?
Luciana Nicola: Antes disso temos a COP 29. Ela é importantíssima porque vamos falar de financiamento, como acessar como acessar o fundo de perdas e danos. Na COP 30, acontecerão negociações globais que podem mudar tudo. Estamos falando de uma subida de régua regulatória de outros países que pode inviabilizar a exportação de muitos produtos brasileiros. Então esta será a grande oportunidade de colocar de vez a pauta climática no radar da iniciativa privada brasileira.
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Operação de guerra: Ambipar usa robôs e até canhões no combate ao fogo
A tecnologia pode nos trazer um tiquinho de esperança nestes tempos sombrios em que a fumaça dos incêndios nos biomas brasileiros já voa para dentro dos nossos pulmões. No meio das chamas nas florestas, é possível encontrar robôs de última geração operados por controle remoto, helicópteros lançando espumas "mágicas", quadriciclos potentes e até canhões que a gente só imaginava ver em guerras. São estas e outras armas que a Ambipar vem usando para combater os incêndios em algumas regiões do Pantanal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
No momento há 25 aeronaves da empresa em operação, entre aviões e helicópteros, com capacidade de levar cestos de água, chamados "bambi bucket", contendo um líquido retardante, espuma orgânica que desacelera a propagação do incêndio e impede que o fogo retorne para a área.
Para chegar em áreas de altas temperaturas, a empresa utiliza um quadriciclo que leva equipamentos com nitrogênio e água. Entram também robôs operados por controle remoto e com iluminação de LED. O modelo STW Response tem o maior fluxo de água num sistema robótico do mundo. Segundo a Ambipar, em uma situação normal, seriam necessários pelo menos 10 profissionais para lançar o mesmo volume de água do robô.
Para aumentar o time tecnológico, chegaram dos Estados Unidos canhões de alta vazão (sim, canhões parecidos com os de guerra). Eles ficam instalados em cima de caminhonetes com uma bomba que puxa água de reservatórios próximos. Seu poder de fogo, ou melhor de água, é lançar jatos que alcançam uma distância de até 3 km. "Vamos lançar ainda neste mês um drone que vai atirar do céu, com força, bolas de água que vão explodir no meio do incêndio", conta Spencer.
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Baterias de sódio armazenam energia em projeto inédito na Amazônia
O sódio, este elemento que está presente até mesmo no sal da nossa mesa, provou que é capaz de ir ainda mais longe. Ele pode guardar energia. A UCB Power lançou neste mês o primeiro projeto a utilizar baterias de sódio para o armazenamento de energia captada por placas solares em comunidades remotas na Amazônia.
O projeto prevê a instalação de 16 baterias de sódio, de 48 volts e 50 amperes, capazes de armazenar o equivalente da 38,4 kw/h. Por enquanto, o projeto ajudará a garantir energia para uma escola municipal, um posto de saúde e áreas comunitárias de lazer que atendem as cerca de 30 famílias que vivem na comunidade de Tumbira, localizada no município de Iranduba, Amazonas, a cerca de duas horas de barco de Manaus.
Um dos principais desafios nas áreas remotas da Amazônia é o armazenamento de energia. Placas solares têm se mostrado eficazes no fornecimento - porém, o abastecimento nem sempre é estável e contínuo, principalmente durante a noite. Para manter a continuidade é preciso de baterias que guardam a energia captada enquanto o sol está brilhando forte no céu.
Desde 2019, a UCB Power leva baterias de lítio para exercer esta função na Amazônia. O lítio, apesar de eficaz e aparentemente mais duradouro, compõe uma bateria mais pesada, de mais alta densidade. Já o sódio é abundante, tem custo mais baixo, um processo industrial mais simples, e torna mais fácil a reciclagem das baterias e seu descarte, pois o elemento é totalmente absorvido pela natureza.
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Fique de olho
- Climate Week NYC 2024 - Começou no dia 22 e vai até 29 de setembro uma das principais conferências globais sobre o clima. Mais de 600 atividades, entre debates, painéis e encontros com diferentes setores da sociedade. Saiba mais aqui.
Dica de leitura
- O silêncio da motosserra: Quando o Brasil decidiu salvar a Amazônia
- Autor: Claudio Angelo (com a colaboração de Tasso Azevedo)
- Editora: Companhia das Letras
Com uma extensa pesquisa e cerca de duzentas entrevistas com figuras centrais da história recente da Amazônia, os autores
contam como e por que, entre 2005 e 2012, o Brasil promoveu uma redução sem precedentes nos níveis de devastação na floresta.
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