Mariana Sgarioni

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Reportagem

Operação de guerra: Ambipar usa robôs e até canhões no combate ao fogo

A tecnologia pode nos trazer um tiquinho de esperança nestes tempos sombrios em que a fumaça dos incêndios nos biomas brasileiros já voa para dentro dos nossos pulmões. No meio das chamas nas florestas, é possível encontrar robôs de última geração operados por controle remoto, helicópteros lançando espumas "mágicas", quadriciclos potentes e até canhões que a gente só imaginava ver em guerras. São estas e outras armas que a Ambipar vem usando para combater os incêndios em algumas regiões do Pantanal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

No momento há 25 aeronaves da empresa em operação, entre aviões e helicópteros, com capacidade de levar cestos de água, chamados "bambi bucket", três vezes maiores do que os disponíveis pelas polícias militares locais. Dentro destes cestos, é misturado à água um líquido retardante, espuma orgânica que desacelera a propagação do incêndio e impede que o fogo retorne para a área. Segundo explica Dennys Spencer, Head Emergency Response da Ambipar, o produto não causa nenhum impacto no ambiente e é capaz de retirar o oxigênio do local, evitando que o fogo se alastre.

Para chegar em áreas de altas temperaturas, a empresa utiliza um quadriciclo que leva equipamentos com nitrogênio e água. Ele dispara o líquido com uma potente pistola, com capacidade de pulverização e que abafa o fogo. Nestes locais de difícil acesso, entram também robôs operados por controle remoto e com iluminação de LED. O modelo STW Response tem o maior fluxo de água num sistema robótico do mundo. Segundo a Ambipar, em uma situação normal, seriam necessários pelo menos 10 profissionais para lançar o mesmo volume de água do robô.

Para aumentar o time tecnológico, chegaram dos Estados Unidos canhões de alta vazão (sim, canhões parecidos com os de guerra). Eles ficam instalados em cima de caminhonetes com uma bomba que puxa água de reservatórios próximos. Seu poder de fogo, ou melhor de água, é lançar jatos que alcançam uma distância de até 3 km.

"Usamos também muitos drones nas operações. Vamos lançar ainda neste mês um drone que vai atirar do céu, com força, bolas de água que vão explodir no meio do incêndio", conta Spencer.

A empresa estuda trazer dos Estado Unidos um outro modelo de robô que se parece com um cachorro. Ele é enviado a áreas de riscos para fazer uma varredura e trazer informações como temperatura local, nível de oxigênio, quantidade de gases tóxicos. Desta forma é possível saber se é seguro mandar um ser humano para o lugar.

Spencer afirma que, em todas as operações em que estas tecnologias foram utilizadas, o êxito foi de 100%. Ele chama a atenção para a necessidade de recursos e preparação para os eventos extremos. "As áreas são enormes, de difícil acesso. Não existe uma preparação para este cenário, nem recursos e profissionais treinados. Estamos percebendo que a frequência do retorno destes eventos tem sido cada vez mais recorrente, então é preciso atuar na prevenção".

[Esta reportagem faz parte da newsletter "Negócios Sustentáveis". Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email toda segunda-feira]

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