Mariana Sgarioni

Mariana Sgarioni

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Empresário se inspira em peças de Lego para criar tijolos sustentáveis

Quem vê aquelas milhares de peças de Lego espalhadas pelo chão - ou já sentiu a dor de pisar nelas sem querer - não imagina que foi a partir de uma destas peças que o empresário Bruno Frederico teve a ideia de fazer nada menos do que tijolos. "Olhei para um Lego de 8 dólares que comprei para minha filha nos Estados Unidos e disse: 'Vou transformar estes 8 dólares em milhões'", lembra Bruno Frederico, CEO da Fuplastic, empresa fundada em 2016, que oferece soluções para a construção civil a partir de tijolos de encaixe feitos de plástico reciclado - parecidos com um Lego em tamanho gigante.

A Fuplastic começou no mercado oferecendo estas peças modulares para parques solares. Em seguida, passou a fabricar caixas de passagem - aquelas caixas subterrâneas que ficam abaixo das tampas nas calçadas e que garantem o acesso às redes elétricas, de telefonia, televisão e outros. Com o tempo, estas peças passaram a ser usadas também para a construção de lojas, quiosques e containers de grandes marcas como Havaianas, Mc'Donalds, Oakberry, Swift, Vivo, Chilli Beans, entre outras.

Em parceria com a ONG TETO Brasil, a Fuplastic começou a erguer casas populares e agora apresenta modelos de casas de alto padrão - todas construídas com toneladas de tijolos feitos de plástico retirado do meio ambiente. "As casas de plástico são frescas, pois o bloco é vazado, com furos, o que faz com que o calor suba e crie uma espécie de chaminé natural. Já no inverno, elas ficam aconchegantes, pois o plástico não traz o frio para dentro", explica Frederico que, para testar o conforto e a eficiência das casas, morou em uma delas durante 3 meses.

A Fuplastic processou, somente em 2022, 4 milhões de quilos de plástico que iriam parar nos aterros e se transformaram em blocos para construção. Em parceria com cooperativas de catadores, este plástico é encaminhado para a fábrica, onde é limpo, triturado, aquecido e colocado em moldes de tijolos.

As estruturas montadas pela Fuplastic são baseadas na economia circular. Ou seja: não viram lixo jamais. As caixas de passagem, por exemplo, ficam para sempre debaixo da terra. "Os produtos são soluções de engenharia que mobilizam o plástico eternamente. Nunca mais ele vai para um aterro. Mesmo que o projeto seja desmontado ele poderá ser reaproveitado e montado em outro lugar. Agora vamos lançar um pallet que já vai nascer com a logística reversa, pois ele poderá ser devolvido e pagaremos um valor por esta devolução", anuncia Frederico.

O faturamento da Fuplastic está na casa dos R$ 100 milhões por ano e a previsão é fechar em R$ 240 milhões até 2025.

[Esta reportagem faz parte da newsletter "Negócios Sustentáveis". Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email toda segunda-feira]

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.