Mariana Sgarioni

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Conta conjunta para casais quer acabar de vez com DRs por dinheiro

Brigas relacionadas a finanças não são novidade na vida de casais. Diferenças salariais, quem pagou mais contas no mês, quem esqueceu de fazer o Pix, enfim, são infinitas as DRs por dinheiro. Muitas, inclusive, acabam desgastando tanto o relacionamento que são motivos de divórcio.

Depois de casar - e constatar o grande problema que pode gerar o simples pagamento de um boleto da casa -, a administradora Ana Zucato criou a Noh, fintech que propõe uma conta conjunta digital diferente. Destinado a casais, trata-se de um aplicativo para reunir o dinheiro da dupla e permitir pagamentos e investimentos compartilhados de forma transparente.

Funciona assim: cada um baixa o aplicativo, faz o cadastro, e se junta ao outro como um "nó". Depois, é só colocar o dinheiro no app como um banco tradicional e começar a pagar e investir a dois. É possível fazer transações por Pix (cada um tem sua chave), boleto, ou cartão de crédito pré-pago (nas versões física ou virtual). O investimento também é conjunto: os dois conseguem aportar, resgatar e acompanhar a evolução do patrimônio. Quando cada um gasta dinheiro, os dois recebem notificações e podem acessar um gráfico que mostra quem depositou mais ou menos.

"As contas conjuntas tradicionais estão em baixa porque não funcionam: menos de 1% da população tem conta conjunta. Por outro lado, 85% do dinheiro das pessoas no país é dividido, seja com cônjuge, pais, irmãos, amigos, tios. Ou seja: nossa tendência é de formar grupos, de juntar o dinheiro. Mas aí vem a briga", diz Ana Zucato, CEO e fundadora da Noh, eleita pela Bloomberg Linea uma das 100 pessoas mais inovadoras da América Latina.

Segundo ela, em geral, o que predomina é a sobrecarga daquele que é mais organizado com as finanças - em casais heterossexuais, costuma ser a mulher. A executiva lembra que, no Brasil, de acordo com o IBGE, problemas financeiros são a segunda principal causa de divórcios - a primeira é o adultério.

A novidade da Noh é a recente sociedade com a Nath Finanças, especialista em educação financeira, que chegou lançando o "Organizador de Nohs", uma funcionalidade que permite aos usuários criar três categorias de caixinhas: Dia a dia (para despesas fixas, variáveis, gastos com pet, educação etc. Essa caixinha tem uma função "limite", em que o app avisa quando o valor passou do esperado para determinada despesa); Objetivos (para planos de médio e longo prazo como viagem, casa própria, estudos etc. Aqui vem a função "meta", em que o app avisa quanto falta para atingir determinado objetivo); Investimentos (opção de investimento em fundo que busca atingir a rentabilidade do CDI + 0,8%).

Desde 2021, o aplicativo já foi baixado mais de 300 mil vezes e já foram transacionados mais de R$ 150 milhões. Em média, os casais levam cerca de R$ 5 mil para a fintech e 40% deles colocam ali todo o salário.

"Fizemos uma pesquisa e 81% dos nossos usuários afirmaram ter melhorado seus relacionamentos. Nosso objetivo é educar para que os brasileiros deixem de achar que dinheiro é um tabu e parem de brigar por causa disso", conclui Ana.

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