Reservas Votorantim: Floresta em pé é um negócio para dar lucro
Não são só os pulmões que agradecem quando uma floresta é mantida em pé. Os bolsos também. Uma estimativa publicada pelo Banco Mundial no ano passado mostra que a preservação da floresta amazônica vale, ao menos, US$ 317 bilhões por ano - isso quer dizer um lucro sete vezes superior ao que poderia ser obtido por meio de diferentes atividades de exploração econômica da região. Porém, o lado B é que manter esta floresta em pé também custa caro. A solução encontrada pela Reservas Votorantim é simples: fazer com que ela gere recursos para sua própria manutenção. Em outras palavras: a floresta deve trabalhar não só para pagar seu sustento, mas também para dar lucro.
Lançada no mercado em 2021 pela Votorantim S.A, a Reservas quer provar que é possível combinar conservação e geração de receita com impacto ESG.
"A solução está na natureza", diz David Canassa, CEO da Reservas Votorantim. Na entrevista a seguir, ele explica de que forma funciona esta nova geração de negócios e como o país não pode mais fechar os olhos para estas oportunidades.
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Ecoa: Por que custa tão caro manter uma floresta em pé?
David Canassa: Os cuidados são caros. É preciso, por exemplo, evitar incêndios. Um pedacinho de vidro caído no chão pode gerar fogo. Então precisa fazer prevenção, cuidar, ter uma brigada, comprar equipamentos. Além disso, há impostos territoriais, custos com pessoal treinado, estradas de acesso. Quem tem uma propriedade tem responsabilidade legal pelo zelo com o território. Isso tem custos. Então, se você tem uma terra e paga caro para que ela siga em pé, que tal gerar receita? Trata-se de um negócio que precisa virar realidade.
Ecoa: A floresta em pé dá lucro?
David Canassa: Os negócios gerados por ela podem dar lucro sim. Nós falamos em conservação. Conservamos a floresta em pé. E queremos usar o que está ali. Prospectamos e geramos negócios a partir destes ativos. Quando começamos as atividades estruturamos três cadeias: a primeira foi a das compensações florestais. A segunda foi o múltiplo uso da terra, que identifica o uso inclusivo, ou seja, um tipo de cadeia que gere negócios que incluam a comunidade para que ela veja valor na floresta em pé. A terceira cadeia é a restauração.
Ecoa: Estamos no meio de uma COP da Biodiversidade e nos preparando para a COP do Clima. Quais expectativas do Brasil a partir destes encontros?
David Canassa: Esperamos que os acordos mundiais avancem e gerem oportunidades de negócios. A COP da Biodiversidade ainda está engatinhando do ponto de vista de prospecção do potencial existente na floresta. Já na COP do Clima vamos mostrar nossas cartas. Precisamos de uma economia que absorva carbono. Temos a melhor tecnologia aqui no Brasil para isso: chama-se árvore.
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Polêmica: IA "verde" aposta em energia nuclear para manter datacenters
Não é preciso nenhum exercício de futurismo para acreditar que, em breve, não viveremos sem Inteligência Artificial. Porém, não existe almoço grátis: para ser gerada, a IA depende de datacenters que têm fome de muita, mas muita energia. Com uma demanda de IA que só aumenta no mundo, como gerar toda essa energia com o mínimo de impacto ambiental possível? As Big Techs parecem ter encontrado uma resposta rápida: investindo em reatores nucleares.
Na última semana, o Google anunciou um acordo com a empresa Kairos Power, que deverá fornecer pequenos reatores nucleares para abastecer seus centros de processamento de dados de IA nos Estados Unidos. A Amazon também anunciou recentemente que vai investir mais de US$ 500 milhões para desenvolver pequenos reatores no Estado da Virgínia (EUA). Na mesma esteira, Microsoft fechou um acordo com a Constellation Energy, maior operadora de reatores dos EUA, para reativar uma de suas usinas.
De acordo com o Electric Power Research Institute, a simples execução da resposta para a pergunta: "Pergunte ao Chat GPT" exige cerca de dez vezes mais eletricidade do que uma busca no Google. A depender das fontes de energia utilizadas para suprir tanta demanda, a IA pode aumentar significativamente as emissões de gases do efeito estufa, uma vez que o setor energético é o principal emissor do mundo.
A opção pelo investimento em reatores nucleares pode fazer sentido se o raciocínio estiver apenas voltado a emissões de carbono. A energia nuclear, neste ponto, pode ser considerada limpa, sim, pois emite poucos gases em sua operação. Porém, se olharmos com uma lente de aumento, há controvérsias. "O primeiro perigo do debate climático é cair nesta armadilha e isolar a métrica do carbono como se ele, sozinho, determinasse se uma atividade é ou não ambientalmente responsável", provoca Marcelo Laterman Lima, especialista em clima e energia.
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Depois do fogo: tecnologia em gel ajuda a reflorestar áreas devastadas
Agora que o fogo que se espalhou pelo país deu uma pequena trégua é hora de começar a renascer das cinzas e tentar recuperar a terra devastada. Incêndios comprometem a qualidade do solo, sim, porém ainda é possível plantar. Para ajudar o replantio em áreas de difícil acesso para irrigação, a Hydroplan-EB propõe usar nas mudas polímeros super absorventes que se transformam em gel por serem capazes de reter grandes quantidades de água.
Os polímeros parecem grãos de açúcar que incham em contato com a água, absorvendo 400 vezes seu próprio peso. Nesta transformação, eles se tornam verdadeiros reservatórios de água para as mudas que não poderão ser irrigadas com frequência. "Este gel é como se fosse uma caixa d'água no pé da muda. Ao fazer a cova na terra, a planta é colocada no meio deste gel e deixada ali. Conforme ela vai crescendo, vai consumindo o que precisar e o polímero vai murchando. Ele é biodegradável, portanto acaba sendo absorvido pela terra", explica Loremberg Moraes, Diretor da Hydroplan-EB.
Segundo ele, há muitas áreas devastadas pelos incêndios que são extensas e não existe acesso para que novas plantas sejam devidamente irrigadas. Os polímeros chegam a salvar mais de 20% das mudas - que morreriam sem água. O uso de polímeros não apenas melhora a retenção de umidade no solo, mas também promove um ambiente mais saudável para as plantas, reduzindo a mortalidade e aumentando a taxa de sucesso neste replantio.
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Dica de leitura
- A Empresa Sustentável. O Verdadeiro Sucesso E Lucro Com Responsabilidade Social E Ambiental
- Autor: Andrew W. Savitz e Karl Weber
Os autores apontam, a partir de experiências com a Pepsico, Dupont e Toyota, por que empresas que exploram recursos humanos e naturais na sede apenas por lucro são empreendimentos insustentáveis.
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