Mariana Sgarioni

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Bioeconomia na COP 29 e G20: novas chances de negócios no radar

Após meses de intensos debates, começa hoje, em Baku, capital do Azerbaijão, a COP 29, a mais importante conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Na semana que vem, do outro lado do mundo, no Rio de Janeiro, abre oficialmente a Cúpula de Líderes do G20. Com a presidência do Brasil, haverá encontros entre autoridades da área econômica dos 19 países que formam o bloco, mais União Africana e Europeia, além de eventos com ministros de áreas sociais.

Embora distintas - e distantes - as duas conferências trazem a transição para um modelo econômico mundial mais sustentável para o centro das decisões dos governos e sociedade civil. No G20, alguns documentos já foram entregues e a maioria das discussões partirão deles. Um deles, talvez o principal, são os 10 Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia. Entre as propostas estão a inclusão de povos indígenas no debate, compartilhamento de boas práticas entre os países, criação de metodologias "comparáveis, mensuráveis e contextualizadas para avaliar a sustentabilidade em todas as cadeias de valor", e a promoção da restauração e regeneração de áreas e ecossistemas degradados. Todos os países se comprometeram a colocar estes pontos em prática.

É a primeira vez que se colocam parâmetros internacionais para este novo modelo de desenvolvimento pautado na transição ecológica. E o que isso tem a ver com os negócios? Tudo.

O World Bioeconomy Forum estima que a bioeconomia mundial tenha atualmente um valor estimado de US$ 4 trilhões. Pode chegar, contudo, a cerca de US$ 30 trilhões, equivalente a um terço da economia global, com enorme potencial para o Brasil. Um estudo do Climate Policy Initiative/PUC-Rio mostrou que, entre 2021 e 2023, o financiamento para a bioeconomia no Brasil foi em, média, R$ 16,6 milhões por ano.

Segundo mapeamento da FGV, a bioeconomia representa hoje 25% de todo o PIB brasileiro. Para formular diretrizes sobre o tema, o Brasil anunciou em agosto a criação de uma Estratégia Nacional Para a Bioeconomia. Também está prevista a criação de um Plano Nacional para a Bioeconomia, com promoção à bioindustrialização, entre outras ações. Há uma forte expectativa mundial sobre os modelos de bioeconomia que o Brasil vai levar para a COP 29, em Baku. Investidores mostram apetite para propostas que estarão na mesa.

Durante a conferência, a bioeconomia será discutida como um modelo produtivo que se baseia no uso de recursos biológicos e renováveis para a produção de alimentos, energia, insumos, materiais e outros bens e serviços. Ela abrange diversos setores como agricultura, extrativismo de culturas nativas, floresta plantada, biotecnologia, bioprodutos, bioenergia e biocombustíveis. As soluções da bieconomia promovem, ao mesmo tempo, o desenvolvimento social, econômico e ambiental - por isso são tão interessantes.

E é aí que as empresas brasileiras podem dar as cartas. A bioeconomia é um bom negócio para o Brasil por diversos motivos, tais como as características climáticas, geográficas, patrimônio genético, conhecimento ancestrais dos povos indígenas, além de o país guardar nada menos do que 20% da biodiversidade do planeta.

"A bioeconomia brasileira é tão diversa quanto nosso povo e nossos ecossistemas, desde produtos das florestas, rios, lagos e oceanos para a geração de produtos que agregam conhecimento e tecnologia e, como bioplásticos e biocombustíveis, até o uso sustentável de produtos florestais, incluindo produtos madeireiros e não madeireiros, alimentos saudáveis, fibras, cosméticos, produtos farmacêuticos, entre outros", afirmou João Paulo Capobianco, biólogo e secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, durante o encerramento da reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20.

Na mesma reunião, a ministra Marina Silva reforçou o papel do Brasil nesta nova economia. E fechou lembrando a importância destas conferências para que sejam estabelecidas normas internacionais. "A bioeconomia só será verdadeiramente inclusiva e eficaz se houver mecanismos claros de cooperação, que permitam que todos os países, especialmente os mega diversos, se beneficiem", concluiu.

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