Mariana Sgarioni

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Reportagem

Felipe Neto investe em educação contra a desinformação online

Felipe Neto, empresário e um dos mais relevantes influenciadores digitais do mundo, decide sair das telas e expandir seus negócios para dar suporte a jovens nas escolas. Ele acaba de lançar o Instituto Felipe Neto que propõe uma série de iniciativas para ajudar na saúde mental de estudantes de colégios públicos e também para orientá-los a usar a internet com sabedoria e no combate à desinformação.

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Nesta edição você vai ver também que o consumo de insetos na alimentação humana, uma orientação das Nações Unidas no combate à fome mundial, está ganhando cada vez mais espaço no mercado. No Brasil há diversos produtos em teste, entre eles o Choconebrio, uma mistura de chocolate ao leite com farinha de tenebrio (besouro) e milho. Os fabricantes garantem: além de altamente proteicos, são deliciosos.

E nesta semana da Consciência Negra trazemos um estudo inédito que aponta os rumos do afroempreendedorismo em toda a América Latina: é um mercado que está aquecido, porém ainda depende de investimentos mais robustos.

Boa leitura!

Felipe Neto investe em saúde mental e educação midiática em escolas

Criador de um dos maiores canais do YouTube brasileiro, o empresário e influenciador Felipe Neto é a prova viva do poder das telas. Com cerca de 80 milhões de seguidores entre Instagram, YouTube e TikTok, Felipe já chegou a ser uma das pessoas mais assistidas no mundo. Ele sabe muito bem que a internet é capaz de construir - ou destruir - impérios como o seu em questão de minutos. "É a maior arma da humanidade. O problema é que ela não veio com manual de instrução e as pessoas não sabem o básico".

Felipe entende que a educação é o único jeito de mudar este cenário para as próximas gerações. Assim, decidiu expandir seus negócios: fundou no mês passado o Instituto Felipe Neto, que pretende promover uma educação midiática crítica e consciente nas escolas, além de oferecer suporte para estudantes que apresentam questões de saúde mental.

"O objetivo é ter uma internet em que as pessoas sejam menos desinformadas e convivam de maneira mais harmônica", diz Felipe.

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Ecoa: Boa parte do seu público é formada por jovens estudantes. Você acha que eles estão precisando de ajuda?

Felipe Neto: Sim. A saúde mental nesta idade é algo muito sério. Eu tive um diagnóstico de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) tardio e tive que conviver com isso durante todo meu período escolar. Foi um verdadeiro martírio para mim. Assim como eu, milhões de jovens pelo mundo inteiro sofrem do mesmo problema, muitas vezes sem diagnóstico e sem serem amparados. E aí veio a ideia do instituto.

Ecoa: A educação midiática também faz parte do escopo do instituto?
Felipe Neto:
Sim, incorporamos ao Instituto Felipe Neto um outro trabalho que já fazíamos sobre educação midiática de jovens e combate à desinformação. A nossa ideia é ensinar desde muito cedo a diferenciar a desinformação da informação, opiniões, como trafegar na internet, anúncios e como separar as informações. Não tem viés ideológico. A gente está vendo uma epidemia de crimes digitais sendo cometidos por pessoas que não sabem que estão cometendo crimes. Ameaças, injúrias, difamações, calúnias. Então educar os jovens a como agir em relação a isso é fundamental.

Ecoa: Esta geração terá que lidar com diversas questões que devem alterar o rumo do planeta, como as mudanças climáticas. E isso passa pela comunicação na internet.
Felipe Neto:
A internet é extremamente pulverizada: começa em nichos e, dentro deles, você se torna cada vez mais dependente dos micro e médio influenciadores. Por isso, o trabalho que deve ser feito não é só de macro comunicação. Não é só ficar repetindo o tempo inteiro sobre aquecimento global na televisão e nos grandes portais de notícia. O debate deve ser levado para dentro dos fóruns online, do WhatsApp, para dentro das comunicações mais rápidas. Só assim a pauta entrará no dia a dia das pessoas e também das gerações mais jovens, nas escolas.

Ecoa: Esta comunicação utiliza telas dentro do ambiente escolar. O que você acha da proibição dos celulares dentro dos colégios?
Felipe Neto:
Eu acredito que foi uma medida drástica para tentar estancar um sangramento. Só acho que não é suficiente. Isso é tratar o sintoma, não a doença. Duvido que o vício em telas seja resolvido com a proibição do celular nas escolas. Mas vamos esperar para ver os resultados. Eu espero que sejam positivos.

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Choconébrio, mistura de chocolate, larvas de besouro (tenebrio), água e farelo de milho
Choconébrio, mistura de chocolate, larvas de besouro (tenebrio), água e farelo de milho Imagem: Núcleo de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá

Crocante e sustentável: cresce mercado de alimentos a base de insetos

Você toparia provar um chocolate composto por larvas de um tipo de besouro? E um salgadinho com farinha de grilo? Estes e outros produtos à base de insetos já existem e estão ganhando espaço no mercado no mundo inteiro. Os fabricantes garantem um alto valor nutritivo com sabor delicioso - e, obviamente, muito crocante.

"O inseto inteiro ainda é marginalizado, as pessoas têm nojo. A expressão "comer com os olhos" não se aplica aqui. Porém, precisamos ultrapassar essa barreira cultural: os insetos para alimentação são cultivados em laboratório com rígidos padrões de higiene", comenta Antonio Carlos Freitas Souza, biólogo, pesquisador do Núcleo de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá, que desenvolve o "Choconébrio", mistura de chocolate, larvas de besouro (tenebrio), água e farelo de milho.

A farinha da larva do besouro utilizada no chocolate é super proteica. Segundo o pesquisador, uma porção de 100g de farinha de inseto pode fornecer cerca de 45% de proteína - enquanto a mesma quantidade de carne bovina teria cerca de 20%. "Temos uma fonte de proteína excelente, com aminoácidos essenciais, vindos de um animal de fácil criação, que ocupa menos espaço do que um boi, além de consumir menos água em sua produção", aponta Souza. O chocolate ainda aguarda aprovação dos órgãos reguladores para entrar no mercado - no momento, está em fase de degustação. Segundo Souza, a aceitação passa de 90%.

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Na União Europeia, os insetos já estão nas prateleiras dos supermercados de muitos países. A empresa italiana Italian Cricket Farm fabrica farinha feita de grilos secos e moídos para ser usada em diversos alimentos como biscoitos, bolos e até macarrão. A também italiana Fucibo utiliza a mesma farinha para salgadinhos.

Atualmente, estima-se que os insetos façam parte da dieta tradicional de cerca de 2 bilhões de pessoas em diferentes países do mundo. Mais de 1.900 espécies são usadas como alimento, conforme catálogo da Universidade de Wageningen, na Holanda.

"Pense nos caranguejos que vivem na lama: alguém um dia olhou para este bicho e pensou: 'Posso comer isso'. O mesmo acontece com insetos", afirma Souza, que, neste momento, conta com um laboratório de pesquisa e criação sanitária para grilos e? baratas. "O tempero será bom", garante.

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Adriana Barbosa, diretora executiva do Instituto Feira Preta, uma das responsáveis pelo mapeamento
Adriana Barbosa, diretora executiva do Instituto Feira Preta, uma das responsáveis pelo mapeamento Imagem: Evensen Photografy

Estudo inédito aponta desafios do afroempreendedorismo na América Latina

O CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe), o Instituto Feira Preta e o Plano CDE uniram forças e lançaram, na semana passada, durante o G20, um estudo inédito: pela primeira vez na história foi mapeado o perfil detalhado e os desafios de três mil afroempreendedores na Argentina, Brasil, Colômbia, Peru e Panamá.

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"A pesquisa aponta três perfis de afroempreendedores na América Latina: o primeiro, dominado pelas mulheres, que empreende por necessidade, ou seja, vende algo hoje para comer amanhã. O segundo é o empreendimento por vocação: jovens criativos que não se enquadram em empregos tradicionais e escolhem abrir seu próprio negócio. E o terceiro
vem por engajamento racial: pessoas que enxergam o potencial da cultura negra no mercado e pensam em negócios para atender a esta demanda. Este modelo é o que mais gera recursos e pode escalar", diz Adriana Barbosa, diretora executiva do Instituto Feira Preta

No entanto, as barreiras seguem sendo financeiras. Segundo o estudo, 44% dos afroempreendedores no Brasil tiveram seus pedidos de crédito negados. A maioria acaba recorrendo a fontes informais de crédito, como amigos, familiares ou microcréditos produtivos. Porém, estes recursos são limitados.

Vilma Queiroz, idealizadora do Pretinhas na Moda, evento cultural na zona norte paulistana que traz oficinas para incentivar e orientar mulheres negras no mundo da moda, concorda
com a dificuldade de acesso a recursos mais robustos. Segundo ela, para bancar a produção cultural dos eventos de grande porte, é preciso entrar com pedidos em editais, que demoram meses para serem liberados. "O empreendedorismo negro é forte e tem mercado".

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Dica de série

- Árvores Gigantes da Amazônia
Em um território ainda pouco conhecido, na fronteira entre os estados do Pará e Amapá, é encontrada uma quantidade impressionante de árvores de grande porte, que ultrapassam os 70 metros de altura. É lá que foi recentemente criado o Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia, tema da nova produção da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). A websérie "Árvores Gigantes da Amazônia" narra a história de um projeto de conservação com foco nesses espécimes gigantescos da natureza amazônica, cujas circunstâncias de existência na floresta ainda intrigam a ciência. Os episódios estarão no ar todas as quintas-feiras do mês de novembro nos perfis da Fundação Amazônia Sustentável (@fasamazonia) e do Andes Amazon Fund (@andesamazonfund), no Instagram. Também estão disponíveis no canal da FAS no YouTube.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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