Mariana Sgarioni

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Opinião

Siemens Energy foca na transição energética justa

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Quando o assunto são energias renováveis, o Brasil nada de braçada. E fez bonito no G20, jogando na mesa todas as suas (muitas) possibilidades de liderar este setor em todo o planeta. Porém, nosso desafio agora é interno: para o país chegar, enfim, a uma transição energética justa será preciso investir na governança com um grande reforço das agências reguladoras.

É o que pensa André Clark, vice-presidente sênior da Siemens Energy para a América Latina. Clark vem participando ativamente dos debates e das formulações de políticas públicas com autoridades e representantes da indústria.

Na entrevista a seguir, o executivo fala da posição do Brasil na transição energética, destaca a importância do diálogo entre agendas climáticas, a necessidade de investimentos em infraestrutura e governança, ressaltando a independência das agências reguladoras.

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Ecoa: Você esteve presente nas principais conferências internacionais relacionadas ao mercado de transição energética. O mundo está a nosso favor?

André Clark: Estamos assistindo a um enorme investimento em renováveis, com a China entrando pesado neste jogo. Nossa neutralidade geopolítica faz com que a relação do Brasil com a China seja positiva, o que nos favorece. Na verdade, o mundo está percebendo que não é só na COP ou no G20 que se discute clima: é em todos os lugares onde houver diálogo.

O país também tem um lugar de fala importante sob o ponto de vista energético.

Sem dúvida. Somos campeões energéticos sob todos os aspectos. Existem poucos países no mundo, talvez só o Brasil, com excesso estrutural de energia renovável. Temos energia excedente. Já foram anunciados bilhões de reais em datacenters no país - isso significa demanda para esta energia. São players escolhendo onde colocar seus investimentos. Esse negócio tem o potencial de movimentar o PIB brasileiro.

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O que dificulta uma transição energética justa no Brasil?

Em primeiro lugar, o lobby das fontes. O lobby da solar, da hidrelétrica grande, média, pequena, o lobby do gás... Essa é uma visão ultrapassada e é profundamente deletéria. Em segundo lugar, é preciso um grande esforço conjunto de governança do sistema energético brasileiro com reforço das agências reguladoras. Aneel, ANP, de minerais, transportes, aeroportos, das infraestruturas e tudo mais. O crescimento dessas agências é fundamental para a transição energética justa no Brasil. Cada uma dessas agências pode e deve ter a independência de um Banco Central.

Conseguiremos chegar lá?

O Brasil já fez diversas políticas públicas na área de energia e indústria. Foram as políticas públicas que nos permitiram investir bilhões em eólica, com subsídios do BNDES, outros bilhões em solar, e nos tornarmos essa potência verde. Isso sem falar em toda a jornada do etanol. Então, são as políticas públicas brasileiras que, apesar dos trancos e barrancos, das crises internacionais, que nos trouxeram até aqui. Por isso, a resposta é: sim, sou bastante otimista com o Brasil.

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Floresta não serve só para mercado de carbono, diz especialista

Compensação de créditos de carbono não deve substituir redução de emissão de gases de efeito estufa
Compensação de créditos de carbono não deve substituir redução de emissão de gases de efeito estufa Imagem: Unsplash
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Quem acompanha o andamento do mercado de créditos de carbono assistiu a um salto espetacular nas últimas semanas. Em um consenso inédito, já no primeiro dia da COP 29, em Baku, no Azerbaijão, os representantes dos países aprovaram regras gerais que deverão orientar este mercado global e a criação de créditos. Do outro lado do mundo, aqui no Brasil, a Câmara dos Deputados, enfim, aprovou o projeto de lei que regulamenta as transações no país.

A regulação estava sendo ansiosamente esperada havia mais de uma década. A compra e a venda destes créditos correm soltas pelo mundo e, sem parâmetros, o ambiente fica propício a fraudes. Neste ano, por exemplo, a Operação Greenwashing, da Polícia Federal, mostrou como o crime organizado em 5 Estados Brasileiros vendeu ilegalmente R$ 180 milhões em compensações ambientais de áreas griladas. A lei vem, então, para dar transparência a este comércio e, claro, para atrair investidores.

Mas é preciso cuidado. O mercado de créditos de carbono não pode ser visto como uma panacéia para resolver a questão climática. Aliás, ele deveria ser usado apenas em último caso.

"A gente precisa descarbonizar os negócios e não só ficar compensando. Seguimos emitindo gases de efeito estufa e aumentando os projetos de créditos. Essa lógica não pode existir. A floresta não serve só para crédito de carbono", alerta Linda Murasawa, consultora de sustentabilidade, clima e finanças da Fractal Assessoria.

Para Ana Luci Grizzi, sócia de sustentabilidade e mudanças climáticas da EY Brasil, estamos no momento mais importante para os negócios no Brasil. Porém, é preciso investimento. "Se o sistema financeiro não estiver na mesa, nada vai para frente na questão ambiental. Precisamos de dinheiro na mesa: realinhar subsídios e incentivar com novos produtos financeiros. Dá pra fazer, sim, mas temos que sair da caixinha".

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Tecnologia usa resíduos de demolição para fazer muros que capturam CO2

Muro de contenção que captura carbono da atmosfera feito a partir de resíduos de guias e sarjetas
Muro de contenção que captura carbono da atmosfera feito a partir de resíduos de guias e sarjetas Imagem: FBS/Divulgação

A construção civil é um dos setores que mais crescem no mundo. As obras não param - e, com elas, vêm os entulhos e as sobras. Somente em 2022, o Brasil gerou nada menos do que 45 mil toneladas destes resíduos, segundo pesquisa Panorama dos Resíduos Sólidos. Este montante é assustador e não tem mais para onde ir: os aterros estão saturados e muitas empresas acabam fazendo o descarte em locais inadequados.

Uma tecnologia inédita desenvolvida pela Universidade de São Paulo e a FBS Construtora oferece um destino sustentável para resíduos de demolição, especialmente para os restos de guias e sarjetas que são quebradas nas ruas das cidades: os materiais, compostos por concreto, são reciclados e se transformam em muros de contenção capazes de absorver o carbono da atmosfera. Ou seja: além de reduzirem o acúmulo de lixo, eles "filtram" o ar.

Os pesquisadores afirmam que o produto reciclado é composto basicamente de concreto, um elemento que, a partir de reações químicas específicas, pode capturar carbono. "Este material em estado sólido é capaz de absorver até 20% de CO2 na área que foi implantado", afirma Emanuel Silva, vice-presidente executivo de Engenharia na FBS Construtora. Segundo ele, esta tecnologia é 25% mais barata do que a construção com pedras virgens, pois não utiliza toda a logística de transporte.

A ideia de transformar estes resíduos em muros de contenção veio da demanda: as grandes cidades e rodovias com topografias acidentadas têm muitas encostas e sofrem com o perigo de deslizamentos. Os muros são essenciais para evitar acidentes e poderiam ser utilizados a partir de agora também como agentes contra a poluição. "Imagine todas as encostas da Marginal Pinheiros e Tietê, na capital paulista, lugares com altas emissões, se tivessem esta captura de carbono", comenta Silva.

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Digitalizando a sustentabilidade - As cinco forças da transformação digital

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Ao introduzir o conceito de "sustentabilidade digital", a autora australiana oferece uma análise profunda sobre o fracasso dos modelos tradicionais de sustentabilidade, questionando os sistemas e processos que nos conduziram ao cenário atual.

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