Mariana Sgarioni

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Reportagem

Festa da firma é uma boa chance para reforçar valores e agenda ESG

Festas de confraternização de final de ano costumam despertar sentimentos ambíguos: uns amam, outros odeiam. Nos últimos tempos, elas também têm representado um desafio de criatividade para as organizações, uma vez que o modelo tradicional - aquele que envolve apenas música alta, karaokê, muita bebida alcoólica até altas horas - parece estar esgotado.

As chamadas festas da firma têm potencial para ser muito mais do que este combo que nem todo mundo gosta. Trata-se de um ótimo momento para colocar em prática os valores que a empresa preconizou durante o ano inteiro. Isso inclui iniciativas ambientais, sociais e de governança: o ESG, que faz parte, inclusive, das decisões estratégicas de boa parte das companhias. Se a celebração não pensar em itens como o impacto ambiental, a diversidade e inclusão, por exemplo, a organização corre o risco de transmitir aos colaboradores que seu discurso é bem diferente daquilo que coloca em prática.

"A festa é um reflexo de tudo o que foi falado durante o ano. Então ela precisa ser pensada com cuidado e criatividade. Quando a gente fala em compromissos voltados ao ESG, eles devem estar refletidos diretamente na comemoração, desde o seu planejamento. Isso já começa pelo lugar escolhido, que deve ter coleta seletiva, reciclagem, e um bom uso de energia, por exemplo", diz Debora Ribeiro, gerente de parcerias estratégicas da Robert Half.

Debora lembra alguns outros pontos de atenção para os organizadores. Na parte ambiental, é importante, em primeiro lugar, diminuir o impacto o quanto for possível, entender qual a pegada de carbono final da festa, e apresentar uma proposta de compensação, como o plantio de árvores, por exemplo, nos meses seguintes. A decoração também deve utilizar elementos recicláveis, naturais e de baixo impacto.

"A celebração deve ser inclusiva do início ao fim. Seria importante não ser obrigatória: vai quem quer. Outra coisa: o horário da festa deve ser comercial para não invadir a privacidade das pessoas e gerar um constrangimento a quem não pode sair de casa fora deste período. Todos precisam ficar confortáveis, inclusive, para não irem se não quiserem", observa. Ela lembra ainda que detalhes como um cardápio inclusivo, com opções veganas ou para quem tem intolerância alimentar, também podem ser valorizados.

Segundo Távira Magalhães, diretora de RH da Sólides, este tipo de festa resgata a essência dos objetivos de uma empresa. "É preciso aproveitar o momento e olhar para seu entorno, extrapolar os muros. Isso diz muito sobre a empresa e o papel dela na sociedade", diz. Ela exemplificou que, neste ano, a Sólides, uma plataforma de soluções para Recursos Humanos, decidiu trocar a festa por uma proposta de competição entre colaboradores: juntos, em times, arrecadaram mais de mil brinquedos para crianças em situação de vulnerabilidade. A premiação será a entrega dos brinquedos em mãos.

"Os colaboradores, especialmente da geração Z, buscam um local de trabalho que tenha causas, valores. Eles querem saber o que a empresa faz para tornar o mundo melhor e isso determina se eles querem mesmo trabalhar ali. As ações efetivas geram mais engajamento da equipe e a retenção de talentos", completa.

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