Rhodia inova em projeto sustentável de combate à pobreza menstrual
Um dos principais desafios enfrentados por jovens e adolescentes é conseguir atravessar o período menstrual de forma digna e segura. Em uma pesquisa recente, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) constatou que mais de 713 mil meninas brasileiras não têm acesso adequado a banheiros ou a chuveiros em casa e mais de 4 milhões não podem pagar por itens básicos de higiene, recorrendo a soluções improvisadas como miolo de pão, sacolas plásticas, jornais ou panos velhos.
A Solvay, empresa belga do setor químico, representada no Brasil pela Rhodia, decidiu abraçar esta causa dentro de seu leque de estratégias ESG. Em parceria com a Pantys, primeira marca de produtos absorventes sustentáveis do país, a empresa estruturou um projeto de doação de calcinhas que beneficiou 250 meninas do Projeto Arrastão, uma organização sem fins lucrativos que acolhe famílias em situação de pobreza no bairro do Campo Limpo, em São Paulo.
Estas calcinhas são feitas com o fio de poliamida Amni Soul Eco®, da Rhodia, e trazem inovações ambientais importantes: além de absorverem o fluxo menstrual, tem uma decomposição 10 vezes mais rápida em aterros sanitários em comparação com fios sintéticos comuns. Sem contar que os microplásticos gerados durante a lavagem se dispersam de forma até 20 vezes mais veloz caso alcancem os oceanos.
"Este é um projeto que contribui para o bem-estar destas meninas e, ao mesmo tempo, traz uma solução sustentável ao planeta", diz Daniela Manique, presidente do Grupo Solvay/Rhodia na América Latina. Leia a seguir a entrevista exclusiva de Daniela para esta coluna.
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Ecoa: Como foi a ideia de unir uma ação social e ambiental dentro de um mesmo projeto?
Daniela Manique: O projeto de doação de calcinhas absorventes em parceria com a Pantys faz parte do programa global de cidadania corporativa do Grupo Solvay para melhorar a nossa qualidade de vida. Para nós, essas ações casadas, ambientais e sociais, são importantes porque conseguimos trabalhar de forma mais ampla. As calcinhas da Pantys são feitas com nossos tecidos, o mesmo tecido antibacteriano que foi capaz de absorver o vírus da Covid. As doações não apenas beneficiaram 250 meninas: mostramos a elas um material tecnológico, que se decompõe mais rápido, e não deixa os microplásticos se acumularem. Então elas saem da pobreza menstrual, que é um problema grave no mundo inteiro, com uma solução sustentável para o planeta.
Ecoa: Este é um exemplo de material que mostra um foco importante em tecnologia, pesquisa e inovação.
Daniela Manique: O grupo Solvy tem 160 anos. Somos centenários no Brasil. E entendemos que a química sustentável é a química do futuro. Quem não focar nisso, não estará por aqui muito tempo. A química está em tudo e ela precisa trabalhar de forma correta. Então o foco é em pesquisa e desenvolvimento na linha de materiais. Queremos produtos inteligentes, funcionais e sustentáveis - e atendemos a uma ampla gama de setores, desde o automotivo até o cosmético, da moda à construção civil. Além de fios renováveis para a indústria têxtil, temos, por exemplo, solventes sustentáveis que são amplamente utilizados em embalagens de macarrão, café e biscoito. Feitos com 100% de etanol reciclável, seu impacto ambiental é bem menor. Esta é a química do futuro: trazer qualidade de vida para as pessoas, com desenvolvimento, mas com o mínimo de pegada de carbono.
Ecoa: A fábrica da Rhodia, em Paulínia, é referência de um projeto que alia produção industrial à preservação da natureza.
Daniela Manique: O projeto foi todo feito com caldeiras alimentadas por biomassa, um combustível renovável. A meta é alcançar a neutralidade de carbono até 2030. No complexo, apenas 15% da área é ocupada pelo site industrial - o restante é totalmente área de reflorestamento. A fábrica já reduziu suas emissões de carbono em 95% em comparação aos níveis de 2005. O complexo de Paulínia se tornou um benchmark internacional: temos uma floresta com milhares de árvores de espécies da Mata Atlântica plantadas e mantidas; dois rios cruzando a área; e mais de 27 fábricas de uma indústria química em plena operação, com capacidade de produção que chega a 1,2 milhão de toneladas de produtos químicos por ano.
Ecoa: Com uma produção desta escala, são muitos colaboradores. Como é feito o engajamento nas ações ESG?
Daniela Manique: São mais de 780 funcionários. Com uma unidade dedicada à redução de gases de efeito estufa, a Rhodia eliminou cerca de 4,5 milhões de toneladas de CO? equivalente a cada ano. Não conseguiríamos este número sem um alto engajamento. O ESG está no nosso sangue, em todas as áreas. E todos estão envolvidos em algum projeto. Um exemplo é o Lady Bug, em que distribuímos joaninhas e ensinamos crianças das escolas públicas a criarem e a soltarem os insetos, que são polinizadores. Há envolvimento, educação ambiental e alegria.
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