Japão produz primeiro capacete feito de resíduos de conchas marinhas
A vieira japonesa é um molusco marinho de sabor leve, adocicado, amplamente utilizado pela gastronomia internacional, e que tem uma linda concha em forma de leque. Os pratos com vieiras não incluem suas conchas, por isso, diariamente, toneladas delas são descartadas de forma inapropriada no Japão.
Em 2022, uma solução inovadora apareceu: o Shellmet, capacete feito a partir dos resíduos de conchas marinhas gerados na produção de vieiras da província de Sarufutsu, uma das maiores produtoras deste molusco do mundo, em Hokkaido. Pensando em soluções para a contaminação do solo gerado pelos resíduos que ficam espalhados, a indústria química Koushi desenvolveu um novo material para confeccionar estes capacetes, denominado "shellstic", um tipo de bioplástico que combina carbonato de cálcio com plásticos reciclados.
O produto é fruto de uma colaboração entre a Koushi e a prefeitura de Sarufutsu. A cidade produz cerca de 200 mil toneladas de resíduos de conchas todos os anos.
"O capacete transforma conchas - que originalmente protegiam os moluscos contra inimigos externos - em algo que protege a vida humana. À primeira vista, recolher detritos no oceano e reciclá-los pode parecer duas coisas diferentes, mas neste caso são fundamentalmente a mesma coisa. Usar um Shellmet pode ser considerada uma atividade que cuida do oceano num sentido mais amplo", diz Hiroshi Uyama, professor de engenharia da Universidade de Osaka que assinou o projeto.
O primeiro passo da produção é o recolhimento das conchas que se acumulam diretamente nas praias, ruas e aterros. Para iniciar o desenvolvimento do "shellstic", as cascas são fervidas e pulverizadas com carbonato de cálcio. O caldo é misturado com plástico reciclado e depois entra em moldes do capacete, desenhado especialmente em formato de concha. O fabricante afirma que este design torna o produto 33% mais resistente que os tradicionais e o processo de produção gera 36% menos emissões.
O capacete pesa cerca de 400 gramas e pode ser usado por ciclistas e por trabalhadores da construção civil. Os idealizadores do projeto pretendem ainda lançar campanhas de incentivo para que os 250 pescadores de Sarufutsu abandonem seus capacetes plásticos e passem a usar somente o Shellmet.
[Esta reportagem faz parte da newsletter "Negócios Sustentáveis". Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email toda segunda-feira]
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.